Dia 02 de junho é lembrado como sendo o Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares e, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que mais de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum transtorno alimentar, incluindo anorexia, bulimia, compulsão alimentar e outros, é o que explica a nutricionista especializada em comportamento alimentar Simone Dias.
Segundo a especialista, de uns anos para cá notou-se um aumento significativo dessas pautas em várias frentes de comunicação; por outro lado, as formas apelativas de ideais de beleza preconizados pelas redes sociais, vem prejudicando mulheres e meninas no processo de aceitação corporal. Porém, também tem atingido uma pequena parcela, porém crescente, em homens.
“É também esse o trabalho do nutricionista especializado em comportamento: desmistificar a ideia de que para ser feliz é fundamental se encaixar em padrões de beleza não raramente inalcançáveis. Nós vamos além da simples prescrição de dietas e restrições alimentares, preocupa-nos a complexa relação que os indivíduos estabelecem com a comida e seus aspectos emocionais, psicológicos”, explica.
Um dos principais benefícios da abordagem do nutricionista comportamental é o foco na compreensão das causas subjacentes aos transtornos alimentares, por exemplo, raízes em questões emocionais, traumas passados, baixa autoestima e pressões sociais. Sendo assim, o nutricionista comportamental trabalha em conjunto com outros profissionais de saúde mental, psicólogos e psiquiatras, para abordar essas questões e fornecer um tratamento mais abrangente. “É um trabalho multidisciplinar, que envolve respeito, acolhimento ao paciente e principalmente atenção especial à individualidade”, diz Simone.
“Cada indivíduo tem uma história e um relacionamento único com a comida, por isso é preciso compreender essas nuances e adaptar o plano alimentar de acordo com as necessidades específicas. Isso envolve ajudar o paciente a reconhecer seus padrões alimentares disfuncionais, identificar gatilhos emocionais e desenvolver estratégias saudáveis para lidar com essas situações”, detalha.
Além disso, Simone destaca que para a realização do trabalho contra os transtornos alimentares é fundamental que o profissional auxilie o paciente na conquista da autonomia, no empoderamento e, principalmente no autocuidado, em vez de vez de impor rotinas alimentares rígidas e que não conseguem se encaixar na rotina daquele paciente. Segundo a nutricionista, essa forma de trabalho auxilia na tomada de decisão e no aumento da atenção do paciente para tudo o que se está ingerindo.
“Sabemos que muitos transtornos alimentares infelizmente estão associados a uma imagem distorcida do corpo e a uma busca incessante pela magreza, por isso é importante o atendimento multidisciplinar e transdisciplinar, que auxilie o paciente em diversas frentes, mas principalmente a ressignificar sua relação com cada alimento. É um problema cada vez mais frequente e que vem acometendo muito jovens na nossa sociedade. O dia de hoje é uma grande oportunidade de diálogo e de conscientização para chamar atenção para isso e tecer um diálogo com a sociedade buscando desmistificar os corpos femininos, finaliza Simone.
Por Redação do Jornal Brasília
Foto: Reprodução Jornal de Brasília