Lula está pronto para esclarecer falas polêmicas a Trump, dizem auxiliares

Antes de encontro, presidente fez declarações sobre tráfico de drogas e uso de moedas locais em substituição ao dólar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está pronto para esclarecer a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, falas recentes que podem ter soado indigestas ao americano às vésperas do encontro previsto para domingo (23), em Kuala Lumpur, capital da Malásia.

Nesta sexta-feira (24), ao comentar a defesa por Trump de ações militares letais contra supostos grupos de narcotráfico fora do território americano, Lula afirmou que traficantes são “vítimas de usuários”. O presidente depois se retratou nas redes sociais.

No dia anterior, quinta-feira (23), Lula, em outro comentário considerado inoportuno dias antes do encontro, defendeu o uso de “moedas locais” para o comércio entre países dos Brics. Em julho, Trump havia dito que o grupo estava “tentando destruir o dólar”.

De acordo com auxiliares do governo, os dois temas podem ser facilmente esclarecidos na conversa com Trump.

A expectativa é que o encontro, ainda não confirmado oficialmente, transcorra em clima ameno e até afável.

No caso da fala sobre o tráfico de drogas, Lula está preparado para citar as ações propostas pelo governo nos últimos meses de combate ao crime organizado, como a PEC da Segurança e o projeto de lei enviado pelo Ministério da Justiça à Casa Civil, batizado de PL Antifacção, que endurece penas e amplia o cerco econômico aos grupos criminosos.

Em relação ao uso das moedas locais, o argumento é que se trata de uma opção de longo prazo, não de uma medida para excluir o dólar do comércio internacional.

Atualmente, essa possibilidade existe entre Brasil e Argentina, mas nem 5% das negociações ocorrem nas moedas locais, visto que a moeda americana continua sendo a preferida para o comércio internacional.

O governo Lula evita tratar o possível encontro com Trump como definitivo, mas apenas como mais um passo para solucionar a crise entre Brasil e Estados Unidos, que impôs tarifas econômicas a produtos brasileiros e sanções a autoridades.

Em coletiva em Jacarta, capital da Indonésia, o presidente disse estar confiante em fechar um acordo com os Estados Unidos, mas reconheceu que isso não deve acontecer na reunião que deverá ter com Donald Trump no fim de semana.

“Se eu não acreditasse que fosse possível fazer um acordo, eu não participaria da reunião. Se bem que o acordo certamente não será feito amanhã ou depois de amanhã. Ele será feito pelos negociadores, que vão ter que sentar junto com o pessoal do governo americano para negociar”, afirmou Lula.

Por Por Brasília

Fonte CNN Brasil

Foto: CNN