Responder uma pergunta com lápis, giz de cera e muita criatividade: “Qual seria o monumento da minha cidade?”. Essa foi a proposta feita pela artista visual Júlia dos Santos Baptista a 20 alunos do 4º ano da Escola Classe (EC) 01 de Ceilândia, durante uma oficina no Museu Nacional da República (MUN), nesta quarta-feira (29).
“Esse projeto já acontece há mais de 25 anos em escolas das periferias de Brasília. Este ano, pela primeira vez, os trabalhos criados pelos alunos estão expostos aqui, no Museu Nacional, ao lado dos meus. Nas edições passadas, as apresentações eram nas escolas. Agora, os alunos participam como artistas também”, comemora Júlia.
Durante a tarde, as crianças mergulharam na própria imaginação enquanto desenhavam os monumentos que faltam na cidade. O resultado da oficina foram obras de arte que agora integram a mostra Brasília: mensagens monumentais. “A inspiração vem da minha própria infância. Nasci no Núcleo Bandeirante e cresci na Ceilândia. Na minha época de estudante, via os monumentos, mas não me sentia exatamente pertencente à cidade. Por isso, hoje, como artista visual e educadora, sinto a necessidade de que as crianças tenham a oportunidade de compreender o patrimônio arquitetônico do Brasil e entender que é importante preservá-lo para as próximas gerações”, explica a artista.
Para a vice-diretora da escola, Keila Araújo, a experiência é uma oportunidade de aproximar as crianças da periferia do universo da arte e da cultura. “Muitas delas não conhecem espaços como esse, não têm costume de ir a museus, de ver obras artísticas, porque a comunidade é socialmente vulnerável e o acesso à cultura é limitado. Essa oficina mostra que crianças da Ceilândia podem, sim, se tornar artistas, escritores, ou alcançar o que desejarem. É uma oportunidade de perceber que há espaço para elas no mundo”, afirma a vice-diretora.
Além dos estudantes da Escola Classe (EC) 01 de Ceilândia, a exposição também reúne trabalhos dos alunos da Escola Classe (EC) 114 sul e do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 02 da Cidade Estrutural. No total, são 12 grandes painéis, criados em colaboração com a artista, que oferecem um olhar coletivo sobre a cidade.
Crianças criativas
Aryela Silva, de 9 anos, criou um monumento inspirado no movimento Stop Bullying. Segundo ela, a obra é uma estátua com o boneco de fantoche Flopito, simbolizando a importância de combater o preconceito. “Nas escolas tem muito bullying, principalmente com as pessoas que têm o cabelo cacheado e são mais morenas. O boneco do Flopito significa que tem que parar o bullying. A ideia é que a gente possa refletir mais antes de falar alguma coisa ou antes da gente julgar as pessoas”, descreve a estudante.
Kaleb Ribeiro, de 9 anos, desenhou um monumento inspirado na conscientização sobre o autismo. Ele explica que o objetivo é promover a inclusão. “Eu quis fazer uma homenagem ao meu amigo. Desenhei o cordão dos autistas pra mostrar que todos podem participar das brincadeiras. Ele é meu vizinho e, às vezes, quando a gente está brincando querem tirar ele das brincadeiras”, relata o aluno.
Já Victor Lima, de 10 anos, fez uma releitura do Memorial JK. “O que mais chamou a minha atenção foi o monumento do Juscelino Kubitschek. Então, eu fiz o monumento das crianças. O meu desenho é parecido com o monumento do Juscelino, mas coloquei uma criança no topo”, disse o participante.
A mostra pode ser visitada gratuitamente na galeria 3 do Museu Nacional da República, até o dia 23 de novembro.
Por Por Brasília
Fonte Agência Brasília
Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília













