Uma análise do perfil de 50,6 mil gestores brasileiros revela um ponto em comum entre líderes de diferentes áreas e níveis hierárquicos: embora tenham alta capacidade de comando e comunicação, ainda demonstram fragilidades importantes em competências relacionadas à constância, paciência e planejamento.
O levantamento foi conduzido pela Febracis, considerada a maior escola de transformação pessoal e profissional da América Latina, por meio do CIS Assessment, ferramenta de diagnóstico comportamental utilizada para mapear tendências emocionais e padrões de liderança.
Os pontos fortes da liderança brasileira
De acordo com o estudo, três características se destacam entre gestores, diretores e gerentes:
Comando (59,7%) – indica presença forte, tomada de decisão rápida e capacidade de assumir protagonismo.
Objetividade (58,4%) – habilidade de resolver problemas de forma direta, prática e focada em resultados.
Extroversão (58,2%) – facilidade de comunicação, motivação de equipes e influência em ambientes coletivos.
Esses atributos constroem o que a Febracis chama de um líder naturalmente ativo, que circula bem entre pessoas, inspira confiança e tende a puxar projetos e decisões.
Os maiores desafios: paciência, prudência e planejamento
Em contrapartida, traços ligados à construção de processos e à disciplina de longo prazo aparecem como os menos desenvolvidos:
Prudência (51%)
Paciência (51,6%)
Planejamento (52,9%)
As lacunas revelam uma liderança que, embora ágil e comunicativa, ainda luta para sustentar rotinas, criar estruturas sólidas e resistir à pressão do curto prazo.
Para Vanilson Leite, diretor do CIS Assessment, o desafio é combinar potência com maturidade emocional.
“Um gestor com perfil dominante tende a ser mais estratégico e competitivo. Mas, sem preparo emocional, pode se tornar ríspido, centralizador e intolerante. Já os líderes influentes tendem a ser carismáticos e bons comunicadores, mas também correm o risco de serem dispersos, pouco organizados e ineficazes em processos detalhados.”
Os perfis comportamentais mais frequentes
O estudo também classifica os participantes em perfis dominantes, influentes, estáveis e conformes. Entre os líderes avaliados:
Dominante (54,5%): perfil marcado por assertividade, energia, senso de urgência e competitividade. São líderes diretos, rápidos e orientados a resultados.
Influente (52,5%): comunicadores naturais, carismáticos e persuasivos. Têm facilidade para motivar equipes e criar conexões.
Estável (49,7%): profissionais mais colaborativos, pacientes e cuidadosos, que prezam pela harmonia do ambiente, mas podem ser mais avessos a mudanças bruscas.
Conforme (48,3%): focados em qualidade, precisão, normas e processos estruturados. São analíticos e detalhistas, mas tendem a evitar riscos e improvisos.
São perfis considerados altamente proativos e orientados a resultados. Porém, quando emocionalmente despreparados, podem gerar efeitos colaterais — desde microgestão e conflitos até perda de foco e falhas em execução.
“Os pontos fracos entre esses dois perfis revelam um descompasso frequente entre a capacidade de liderança e a manutenção de processos de longo prazo. São profissionais que sabem liderar com energia, mas ainda precisam desenvolver resiliência e visão de continuidade.”
O que motiva os gestores brasileiros?
Além de traços comportamentais, o levantamento analisou valores que impulsionam as ações de líderes no país. Os principais são:
Teórico (64,2%) – desejo por conhecimento, aprendizado contínuo e domínio intelectual.
Econômico (59,7%) – foco em eficiência, retorno e utilidade prática.
Político (58,3%) – motivação por influência, liderança e protagonismo.
A combinação mostra líderes orientados tanto ao desenvolvimento pessoal quanto ao impacto que conseguem gerar em suas organizações.
Autoconhecimento como fator-chave de liderança
Para Paulo Vieira, fundador da Febracis, compreender os próprios padrões emocionais é o principal caminho para uma liderança equilibrada e consistente.
“Um líder com perfil dominante sem preparo emocional pode ser centralizador e inflexível, enquanto um influente desregulado tende a se perder em discursos sem entrega. Quando um gestor compreende seus padrões e desafios, ele lidera com mais maturidade, e não apenas com autoridade.
Por Por Brasília
Fonte Exame
Foto: Artis777/Getty Images













