Um acordo coletivo de trabalho é atualmente a única barreira que impede a extinção de aproximadamente seis mil postos de trabalho de cobradores de ônibus no Distrito Federal. A avaliação é da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU) da Câmara Legislativa (CLDF), ao apontar que, com o fim da vigência desse acordo em 2026, o setor pode passar por uma crise de desemprego em massa
A ameaça aos empregos é um efeito da modernização do Sistema de Transporte Público Coletivo (STPC/DF). Com a eliminação do pagamento em dinheiro dentro dos ônibus e a migração para um sistema digital de bilhetagem, a função tradicional do cobrador ficou obsoleta. Sem uma redefinição formal de suas atribuições, as empresas concessionárias não serão obrigadas a mantê-los em seus quadros a partir do próximo ano.Play Video
Nesta sexta-feira (24/10), o deputado Max Maciel (PSol), presidente da comissão, apresentou uma Indicação ao Poder Executivo, sugerindo que a Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade (SEMOB/DF) elabore uma proposta normativa para criar novas funções para esses profissionais. A medida visa transformar um avanço tecnológico em uma oportunidade de requalificação, evitando o que a CTMU classifica como um “grave impacto social”.
Proposta de transição
O texto da Indicação sugere que, em vez de simplesmente dispensar os cobradores, eles sejam realocados para funções que melhorem a experiência e a segurança do usuário.
Entre as novas atribuições sugeridas estão:
- Apoio e atendimento especializado a idosos, pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida
- Comercialização e distribuição de cartões e bilhetes de passagem, suprindo uma deficiência do sistema, já que a SEMOB não cumpriu integralmente a promessa de criar 500 postos do BRB Mobilidade
A CTMU alerta que, sem um marco normativo que redefina legalmente as funções dessa categoria, qualquer tentativa de defender seus empregos, inclusive por parte do sindicato, se tornará “inviável”. “Não há como preservar uma função que, juridicamente, deixou de existir”, justifica o documento.
Caminho diferente
O posicionamento da comissão cita o exemplo de outras capitais, como Goiânia, que optaram pela eliminação pura e simples da função de cobrador, resultando em “severas consequências sociais”. O Distrito Federal, portanto, teria a oportunidade de seguir um caminho “distinto e inovador”.
“A modernização tecnológica não precisa significar exclusão”, defende a Indicação. “Pode (e deve) ser acompanhada de políticas de transição justa e de valorização do trabalho humano como fator de humanização e eficiência do transporte público”.
A indicação agora precisa ser aprovada na CTMU, na próxima reunião e, em seguida, será encaminhada ao Executivo.
Por Por Brasília
Fonte Correio Braziliense
Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília













