Na terça-feira (3), lideranças políticas e econômicas se reuniram no Brazilian Regional Market (BRM) em Brasília, evento de empreendedorismo que destaca e promove o protagonismo dos chamados “Tigres” ou “Onças Brasileiras” (em alusão aos Tigres Asiáticos). Os BRMs são estados brasileiros fora do eixo Rio-São Paulo que possuem crescimentos econômicos notáveis, mas investimento internacional desproporcional.
O evento é realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), EQI Investimentos e Record TV. A intenção é reunir as principais lideranças empresariais e políticas do Brasil para apresentar as oportunidades de negócios e atrair investimentos nos “Tigres Brasileiros”, a saber os estados de Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo.
De acordo com o sócio-diretor da Apex, Ricardo Frizera, o Brasil foi o terceiro país do mundo que mais recebeu Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), caracterizados como investimentos de longo prazo, voltados para setor produtivo, perdendo apenas para Estados Unidos da América e China dos países participantes do G20 – foram cerca de U$ 86 bilhões no último ano.
Segundo o Fundo Monetário Internacional, o Brasil vai ser a 8ª economia do mundo ao final deste ano. Neste cenário, a região Centro-Oeste é uma das que mais cresce em participação no Produto Interno Bruto (PIB).
“O que faz o Brasil ser protagonista no cenário mundial são os mercados regionais. Se olharmos para o crescimento do PIB brasileiro, percebemos que, de 2002 a 2021, Rio de Janeiro e São Paulo caíram em participação no PIB, enquanto os BRM aumentaram sua participação no parâmetro econômico nacional. Assim como em todos os demais setores da economia – em especial com o agronegócio e a agropecuária”, destacou Ricardo.
Dentre os BRMs mais importantes, Ricardo destaca a participação expressiva da região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Ao Jornal de Brasília, Ricardo destacou que Brasília, apesar da baixa participação dentro do cenário do agro, possui influência internacional pela presença das embaixadas e pela própria história de interiorização da capital, que atraiu olhares para o interior do país.
“O agronegócio brasileiro alimenta 20% da população mundial, cerca de 1,6 bilhão de pessoas, e tem o desafio de continuar crescendo. A produtividade do agronegócio brasileiro foi a que mais cresceu no mundo. Enquanto no mundo se crescia em uma média de 34% em produtividade desde 2000, o Brasil cresceu 58% em produtividade – quase o dobro no mesmo período”, afirmou Ricardo.
Desproporcionalidade
Apesar do grande desempenho dos BRMs no PIB brasileiro, envolvendo os “Tigres Brasileiros” e os demais estados do Centro-Oeste, cerca de 60% do parâmetro econômico, Ricardo destaca que apenas 44% do fluxo de IED segue caminho para os BRMs, enquanto 56% fica no eixo Rio-SP.
“Então existe uma discrepância da relevância do interior do Brasil no PIB contra a relevância que os investidores dão para o interior do Brasil quando investem seu capital majoritariamente nos grandes centros, que não concentram a maior parte do PIB brasileiro. E é essa discrepância que queremos corrigir. Queremos atrair capital para os mercados regionais”, finalizou Ricardo.
Os estados do BRMs se destacam e têm em comum a estabilidade institucional e econômica, tendo taxas de desemprego menores do que a média, bons índices de desenvolvimento humano, mercado imobiliário em plena expansão, e hubs comerciais domésticos e internacionais.
Por Vítor Mendonça do Jornal de Brasília
Foto: Divulgação / Reprodução Jornal de Brasília