Campanha eleitoral chega ao fim e é hora de decisão nas urnas

O Correio visitou os municípios do Entorno Luziânia, Valparaíso e Águas Lindas e ouviu os eleitores sobre as escolhas e o que esperam dos candidatos. Ida às urnas amanhã será pautada na cobrança por melhorias nas áreas de saúde, segurança, transporte e empregos

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A um dia das eleições municipais, o clima nos principais colégios eleitorais do Entorno — Luziânia, Valparaíso e Águas Lindas — é de aparente tranquilidade. No entanto, carros adesivados e bandeiras com os rostos dos candidatos, espalhados pelos municípios, indicam a proximidade do dia de votação. O Correio visitou as três regiões para ouvir os eleitores que irão às urnas, neste domingo (6/10), decidir o futuro de suas cidades.

Em Luziânia (GO) há 15 anos, a cearense Maria Edileuza Carvalho da Silva, 36 anos está decidida em quem votar para a Prefeitura, mas confessou à reportagem que ainda estuda o número que teclará para o cargo na câmara municipal. De acordo com a avicultora, apesar de haver melhorias perceptíveis em todo o município, a população acredita que há muito para ser feito. Ela, por exemplo, é moradora do bairro Parque Estrela Dalva, e sinalizou que o saneamento básico é a principal demanda da região. Por isso, escolheu um candidato que comprometeu-se a reparar a situação. “Faz anos que prometem saneamento básico e água encanada. No bairro em que eu moro, todos foram obrigados a fazer seus próprios poços semiartesianos”, explicou.

O trabalhador autônomo Victor Leandro dos Santos, 26, nascido e criado em Luziânia, tomou a decisão desde o início da campanha — e não faz questão de esconder: enquanto trabalha vendendo produtos de limpeza em uma via no centro do munícipio, deixa os adesivos dos candidatos colados ao peito e logo tratou de mostrar os santinhos que carrega empilhados no porta-luvas, além do adesivo também colado no vidro traseiro do veículo. “Eu escolhi um candidato que nunca ganhou. Estamos cansados de ver gente bem de vida no comando há anos. Temos que votar em quem sabe o que nós, pobres, passamos todos os dias. Em Luziânia, o maior problema é a saúde”, lamentou.

O aposentado Carlos Magno Laquis, 65, também natural de Luziânia, já foi diretor de Cultura do município e apontou que a região carece de ações voltadas ao setor. Ele declarou que o candidato escolhido para vereador é alguém que faz parte do meio cultural e que apresenta propostas voltadas, sobretudo, ao público juvenil. “Esse candidato tem muitos projetos, não só para a juventude de Luziânia, mas também do Jardim Ingá. Estou decidido em relação ao vereador e prefeito”. 

Se por um lado há quem está esperançoso, por outro há quem desistiu de acreditar. O frentista Kleisson Santos Sousa, 25, é mineiro, mas vive em Luziânia há oito anos. Ao Correio, confessou que votará somente para vereador. Não se identificou com as propostas dos candidatos à Prefeitura. “Minha visão de política é outra, não compactuo com a velha política. Eu acredito que os eleitores precisam ser questionados sem serem julgados. Nós precisamos de algo novo, em que a população possa dar ideias sem ser desestimulada”, resumiu o jovem cidadão. 

Promessas 

Mirian Ribeiro, 24, nasceu em Valparaíso (GO) e ali vive desde que nasceu. Na hora de escolher seus candidatos, avaliou as propostas voltadas à saúde e segurança. “Precisamos de alguém que faça o que é prometido em todas as campanhas. Para vereador, escolhi alguém que já ajudava a população mesmo sem receber para isso”, avisou. 

Para a família do médico veterinário Mauro Fernando Costa, 36, o melhor é que a atual gestão de Valparaíso não seja modificada para que os planejamentos não sejam perdidos. “Para vereador, nós decidimos (a família) por alguém que mora no nosso bairro e conhece nossas demandas. Precisamos de asfalto, melhorias nas escolas, apesar de que isso tem evoluído e, por isso, queremos a continuidade na Prefeitura”. 

Mesmo livre da obrigação de votar, a aposentada Maria Natividade Marques, 70, moradora do município há três décadas, visitará a urna amanhã. “O meu voto faz a diferença, um voto só muda muita coisa, acho que o candidato que escolhi merece isso.” Segundo ela, neste momento, a demanda principal é a segurança. 

Independência do DF

Nas ruas de Águas Lindas (GO), o clima eleitoral é evidente, marcado pela cobrança dos eleitores aos candidatos. Carros com adesivos e bandeiras de postulantes aos cargos de prefeito e vereador se espalham por toda a cidade. Ritielle Fernandes, 23, que trabalha como bartender, ressalta a importância de os próximos governantes estarem alinhados com as demandas emergentes da população. “Precisamos de escolas, mobilidade, asfalto de qualidade. São reivindicações que os cidadãos devem cobrar dos políticos que irão assumir. É algo que passa ano após ano e não muda”, afirmou.

José Júnior, 29, mecânico, destaca a urgência de melhorias na estrutura de saúde da região, já que muitos moradores recorrem ao Distrito Federal para atendimento médico. Segundo a Pesquisa Metropolitana por Amostra de Domicílios (Pmad) de 2015, 44% da população de Águas Lindas busca atendimento na capital federal. “Os políticos precisam olhar com mais atenção para isso. Saúde é um direito garantido pela constituição, e nós merecemos ser atendidos com qualidade aqui na nossa cidade. Com certeza, os candidatos que abordarem essa pauta terão meu voto”, declarou.

O autônomo Gabriel Vitor, 21, compartilha a opinião. Nascido em Águas Lindas, ele ressalta que, por muito tempo, a cidade foi vista como “dormitório”, onde a maioria dos moradores apenas passava a noite, trabalhando em Brasília durante o dia. “Li algumas propostas dos candidatos, mas sabemos como a política funciona. Precisamos de mais empregos na cidade e de mais espaços de convivência social. Nossa cidade carece de áreas de lazer para as crianças e de uma educação de qualidade, que está em falta. Hoje em dia, é difícil confiar nos políticos. É uma verdadeira sinuca de bico”, concluiu.

Por Letícia Guedes e Pablo Giovanni do Correio Braziliense

Foto: Ed Alves/CB/DA.Press / Reprodução Correio Braziliense