Lula: “Temos de rediscutir o papel do PT”

Presidente reconhece derrotas do partido no pleito e admite que pouco se engajou nas campanhas pelo país

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira, ser preciso “rediscutir o papel do PT na disputa das eleições para as prefeituras”. Ele reconhecendo que houve derrotas inesperadas da sigla no primeiro turno. Porém, celebrou o aumento no número de municípios comandados por petistas, mas minimizou o impacto das prefeituras em 2026.

Lula também justificou a participação “acanhada” na campanha de aliados. Disse que foi para evitar atritos com legendas que compõem a sua base de governo. Nas urnas, partidos de direita e centro-direita avançaram consideravelmente, enquanto a esquerda amargou desempenho abaixo do projetado, especialmente nas capitais.

“Temos de rediscutir o papel do PT na disputa das eleições para as prefeituras. O PT, nessas eleições, 80% dos nossos prefeitos foram eleitos em cinco países (estados), todos eles do Nordeste. Tivemos uma boa participação no Rio Grande do Sul. Não tivemos uma boa participação em São Paulo, em Minas Gerais. Ganhamos nas duas cidades que a gente governa, Juiz de Fora e Contagem”, comentou, em entrevista à Rádio O Povo/CBN, de Fortaleza.

No primeiro turno, o PT aumentou de 183 para 248 prefeitos, com disputas no segundo turno em 13 cidades, incluindo Fortaleza, Porto Alegre, Cuiabá e Natal. Em total de votos para as prefeituras, segundo a legenda, o número aumentou de 6,9 milhões em 2020 para 8,8 milhões, e o número de vereadores foi de 2.668 para 3.118.

Fortaleza é a principal aposta de Lula para o segundo turno. Por isso, foi a primeira cidade que visitou, nesta sexta-feira, e fez elogios ao candidato Evandro Leitão (PT), que disputa contra o bolsonarista André Fernandes (PL). A expectativa entre petistas é que ele participe mais do segundo turno, já que sua ausência na maioria das capitais frustrou aliados. Esteve na capital paulista, com o candidato Guilherme Boulos (PSol), e, mesmo assim, apenas em três eventos eleitorais.

O chefe do Executivo admitiu o baixo engajamento. “Tive uma participação mais acanhada porque sou presidente da República. Eu tenho uma base no Congresso Nacional muito ampla. Tenho vários partidos na minha base que estão disputando as eleições. Então eu falei: ‘Não vou comprar uma briga em uma cidade e, depois, quando chegar o Congresso, eu vou ter aliados virando adversários'”, explicou.

Ele lamentou derrotas inesperadas, como em Araraquara (SP) e em Teresina (PI). Mesmo assim, garantiu que o PT continua sendo “o maior partido do Brasil”. Sobre o cenário para 2026, o presidente negou que haja impacto do baixo avanço da esquerda em 2024.

Por Victor Correia do Correio Braziliense

Foto: Ricardo Stuckert / PR / Reprodução Correio Braziliense