Descarte correto para a poda de árvores: saiba como proceder

É comum, nesta época de chuvas, encontrar galhos, troncos e folhas em várias partes da cidade, mas, é preciso desfazer-se do material orgânico de forma responsável para não acarretar problemas ambientais

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Os resíduos verdes, compostos por materiais como galhos, folhas, grama e restos de poda, se tornam um desafio ambiental na época de chuvas na capital federal. Descartados, na maioria das vezes de maneira irregular, eles estão espalhados em vias, praças, ruas, canteiros e podem trazer graves consequências ao meio ambiente: contaminação do solo e de corpos hídricos (rios, lagos, reservatórios), destruição de ecossistemas e ameaça à biodiversidade. O Correio visitou algumas quadras da Asas Sul, Asa Norte e de Vicente Pires onde encontrou um cenário de “poluição” de resíduos.

No entanto, a população pode contribuir com o descarte regular e transformar uma ameaça em uma ajuda ao meio ambiente. Para se ter uma ideia do problema, só este ano, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) recolheu, das ruas do DF, um total de 3,3 mil toneladas de resíduos verdes. Atualmente, a companhia tem seis contratos para a coleta do lixo de origem vegetal, que ultrapassam o valor de R$ 15 milhões. 

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU), que também presta esse tipo de serviço, afirmou que apanhou 500 mil toneladas de descarte irregular (entulhos, podas e galhadas), somente este ano. A companhia não dispõe de dados específicos sobre resíduos verdes. 

Na 305 e na 705 Sul, a reportagem encontrou inúmeros galhos secos e folhas jogadas nas entrequadras. Em Vicente Pires e na 202 Norte, a situação não foi diferente: troncos cortados e galhos em locais de passagem de pedestres. Divino Claudino, 68 anos, é porteiro na 305 há mais de 40 anos e conta que o ponto foi determinado pela prefeitura da quadra para acumular resíduos vegetais a serem recolhidos pela Novacap. “Em até 10 dias, passa um caminhão da companhia aqui para levar o ‘entulho’, triturando aqueles galhos mais grossos”, explicou

A psicóloga Simone Pereira, 50 anos, conta que, quando as árvores de sua casa, em Vicente Pires, precisam de poda, ela contrata um jardineiro, que já fica responsável pelo descarte dos resíduos. “Confesso que não sei com certeza onde deve ser feito o descarte, mas creio que no papa entulho mais próximo. Ao menos é isso que vejo outros moradores fazendo”, disse.

Coleta

A Novacap faz o trabalho da coleta de resíduos no prazo médio de 48 horas. Esses resíduos verdes são processados por meio de trituração e, posteriormente, transportados para os Viveiros, onde serão utilizados no processo de compostagem (transformação em adubo). O composto é empregado no enriquecimento dos canteiros ornamentais, na preparação de mudas e na doação a pequenos produtores rurais e leilões.

O SLU esclarece que recolhe pequenas quantidades de podas que estejam devidamente acondicionadas em sacos plásticos e dispostas nos dias e horários da coleta convencional. Quando podas e galhadas são descartadas em áreas públicas, o SLU faz a remoção desses resíduos seguindo um cronograma de remoção de entulhos. No entanto, segundo a entidade, esse serviço visa mitigar os impactos do descarte inadequado, o que não é o ideal.

Mão na consciência

Mas como a população pode ajudar a conter os danos e descartar esse tipo de material corretamente? O processo é simples. Das 35 regiões do DF, 15 dispõem do papa-entulho, espaço adequado para o descarte de restos de obra, móveis velhos e outros volumosos, restos de poda, material reciclável e óleo de cozinha usado (acondicionado em garrafas plásticas). Eles funcionam de segunda a sábado, das 7h às 18h, e recebem até 1m³ por descarga. O morador deve se atentar a uma norma: não é permitida a entrada de cargas de resíduos em caminhões e não são recebidos resíduos de serviços de saúde, lixo eletrônico, orgânico e industrial.

O SLU recomenda que, nas regiões que não têm o papa-entulho, o ideal é conferir no site o local mais próximo para fazer o descarte (www.slu.df.gov.br/papa-entulho).

Ações como essa visam conscientizar a população para danos de curto, médio e longo prazo. Além de impactar o solo, a biodiversidade e os corpos hídricos, outro problema é a emissão de gases de efeito estufa, uma vez que o resíduo vegetal exposto libera gases que contribuem para o aquecimento global.

“Há também a questão da atração de vetores. Durante a época de chuvas, o acúmulo de água nesses resíduos pode servir de criadouro para mosquitos. Além disso, pode atrair outros animais indesejáveis, como ratos e escorpiões. Na época de seca, o risco de queimadas aumenta. As principais queimadas, cerca de 90%, iniciam-se de forma intencional. O acúmulo de resíduos vegetais secos contribui significativamente para a propagação do fogo”, alerta o SLU.

Por Darcianne Diogo e Letícia Mouhamad do Correio Braziliense

Foto: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense