O roubo de cabos de energia é uma dor de cabeça para comerciantes, moradores e para o poder público do Distrito Federal. Segundo levantamento da Neoenergia, concessionária responsável pela operação e distribuição de energia no DF, em 2024, cerca de 23,8 mil metros de cabos foram furtados. Isso gerou um prejuízo de R$1,1 milhão. Embora tenha havido uma redução de 14% em relação a 2023, os números são alarmantes.
Na última terça-feira, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu a filha e o genro de Vilmar de Lima Oliveira, apontado como um dos líderes de um grupo criminoso especializado no furto de cabos de energia na capital federal. A ação do bando causou perdas estimadas em R$ 5,8 milhões. Na sexta-feira, a Polícia Militar do DF impediu que dois ladrões de cabos cometessem o delito no Gama.
Luciano Duque, engenheiro eletricista e professor do curso de elétrica da Universidade Católica de Brasília (UcB), comenta sobre o impacto do problema para os moradores do DF. “Esse crime pode comprometer serviços essenciais, acesso à internet, iluminação pública, entre outros problemas. Por exemplo, muitas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) não têm geradores, então os pacientes acamados e pessoas ligadas a aparelhos podem morrer devido à falta de energia”, comenta.
Para Duque, a Neoenergia deveria investir em um sistema de monitoramento nas suas subestações e galerias capaz de detectar rompimentos de cabos ou a abertura das portas dos acessos aos locais em que estão. “O sistema pode ser interligado a outro, que acionaria as autoridades ou a própria Neoenergia”, acrescentou o engenheiro.
Vítimas
A comerciante Alessandra Fonseca, 45 anos, reclama que o quiosque dela, em Águas Claras, foi alvo de ladrões. “Tivemos problemas, por conta de roubos de cabos, cinco vezes”. E acrescenta: “Antes, eles roubavam as pequenas fiações da parte de fora da loja, aí começaram a pegar os cabos da subestação que fica aqui perto. Nesse último fim de semana, tivemos um prejuízo muito grande. Ficamos sem luz e, quando a energia foi restabelecida, verificamos que dois freezers tinham queimado”, completa.
Janaína de Oliveira, vizinha de Alessandra, também enfrenta situação parecida. No estabelecimento em que ela é atendente, a dor de cabeça pelos cabos é velha conhecida. “Trabalho aqui há oito anos e sofremos com três roubos de cabos. O último foi há menos de uma semana”, disse.
Medidas
Por nota, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) informa que instituiu o programa “Segurança Integral”. A iniciativa, que tem como objetivo a redução da criminalidade e da violência, abrange o monitoramento dos furtos de cabos elétricos.
O capitão da PM, Edilmar Oliveira, explica que, para combater esse tipo de crime, boletins de ocorrência e chamadas feitas ao 190 são utilizados para mapear as áreas com maior incidência nos furtos de cabos: “A Polícia Militar emprega seus recursos em patrulhamentos preventivos e ostensivos. Também estamos intensificando o patrulhamento em áreas com maior incidência desse delito, o que resultou na prisão de diversos indivíduos envolvidos.”, afirma.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
Por Correio Braziliense
Foto: Luiz Fellipe Alves/CB/D.A Press / Reprodução Correio Braziliense