Primeira safra de milho está sendo colhida no Distrito Federal

Inovações aumentam a eficiência, a produtividade e a sustentabilidade das lavouras. O cereal abastece principalmente o mercado interno de ração animal e consumo humano, gerando empregos diretos e indiretos

A produção de milho no Distrito Federal tem ganhado destaque nos últimos anos, consolidando a região como um importante polo agrícola. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que 16 mil hectares da cultura foram plantados em 2024, representando um aumento de 3,2% em relação aos 15,5 mil hectares em 2023. A produtividade também cresceu, saltando de 8,9kg por hectare para 9,4kg por hectare, um aumento de 6,5%.

A expectativa é de colher 151 mil toneladas na primeira safra deste ano, plantada em outubro e novembro de 2024 e colhida entre janeiro e março. O plantio da segunda safra teve início nos primeiros meses de 2025 e será colhido entre abril e junho. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), o DF conta atualmente com 2.595 produtores de milho.  

Manoel Pereira da Silva, 80 anos, cultiva o cereal desde 1976 no núcleo rural Vargem da Benção, em uma área de 5 hectares. Ele espera colher cerca de 30 mil espigas nesta safra. “Eu planto e vendo para a população local. O lucro é muito bom”, afirmou. Para Manoel, a terra do Distrito Federal é altamente fértil.

“Com uma boa adubação, principalmente orgânica, é possível colher espigas grandes e bonitas. O clima também ajuda, com as chuvas favorecendo o desenvolvimento das plantas. Na seca, usamos a irrigação”, explicou. No entanto, ele ressaltou a dificuldade de encontrar mão de obra como um dos principais desafios enfrentados pelos produtores locais. 

Avanços 

Adriana Nascimento, engenheira agrônoma da Emater-DF, destacou o crescimento das tecnologias aplicadas ao manejo do milho na região. “Essas inovações aumentam a eficiência, a produtividade e a sustentabilidade das lavouras. Entre elas, o uso de drones para monitoramento aéreo, sensores de umidade do solo para irrigação precisa e maquinário avançado, como plantadeiras e colheitadeiras inteligentes com GPS,” disse.  

Além disso, softwares de gestão agrícola estão sendo cada vez mais utilizados pelos produtores. “Esses programas analisam dados de produção, clima e mercado, auxiliando na tomada de decisões estratégicas, como o melhor momento para plantar e colher,” completou Adriana.  

Sobre o clima do Distrito Federal, caracterizado por períodos definidos de chuvas e seca, Adriana avalia que essa previsibilidade climática é uma vantagem. “A maior parte dos nossos cultivos utiliza as chuvas para irrigação natural, dispensando a necessidade de sistemas artificiais. Isso permite que os produtores programem corretamente o plantio e a colheita, otimizando a qualidade dos grãos,” observou.  

Adriana explicou que o milho produzido no DF tem diversos usos: “A maior parte é destinada à produção de ração animal para aves, suínos e gado. Uma parte menor vai para o consumo humano, tanto in natura quanto em derivados, como farinhas e flocos. Além disso, o milho também é utilizado na indústria para a produção de etanol, amido e outros insumos.”  

Josimar Santos, 47, produtor de milho há quatro anos em dois hectares no Setor Padre Lúcio, em Águas Lindas de Goiás, considera o cultivo vantajoso. “O milho que planto é destinado à produção de pamonha, sem uso de agrotóxicos. Como faço o plantio fracionado, consigo oferecer um produto fresco e de qualidade às pamonharias locais,” conta ele.  

Rentabilidade

Segundo Rafael Bueno, secretário da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), a maior parte do milho no Distrito Federal é cultivada na segunda safra, conhecida como “safrinha”, após a colheita de soja e feijão. “Essa prática garante maior rentabilidade, aproveitando eficientemente as áreas plantadas. O maquinário vem conlhendo e já inserindo a semente do milho. As principais regiões produtoras são Planaltina, Paranoá e São Sebastião,” afirmou.  

O milho híbrido predomina na produção local, com o preço da saca girando em torno de R$ 50. Rafael destaca que alguns produtores reduziram o cultivo devido à baixa atratividade econômica, mas a demanda por milho verde in natura permanece alta. “A produção de milho no DF abastece principalmente o mercado interno, sendo direcionada para a ração animal e o consumo humano,” acrescentou.  

Rafael Bueno enfatiza que a produção de milho impulsiona a geração de empregos diretos e indiretos. “Desde o plantio e colheita até o transporte, manutenção de maquinário e comercialização de insumos, toda a cadeia movimenta a economia local,” argumentou.  

Para ele, o milho é essencial para fortalecer o agronegócio no DF. “A produção de aves de corte, por exemplo, utiliza ração composta por 50% de milho. Essa cadeia está em expansão, tendo gerado R$ 780 milhões em 2023 e superando R$ 1 bilhão em 2024. Isso reforça a importância do milho como matéria-prima fundamental,” ressaltou o secretário.

Por Mariana Saraiva do Correio Braziliense

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press / Reprodução Correio Braziliense