PT pede cassação de Eduardo por ação “contra interesses nacionais”

Sigla quer evitar que o deputado assuma a Comissão de Relações Exteriores da Câmara; o partido também acionou a PGR para investigar crime de lesa-pátria

O Partido dos Trabalhadores enviou uma representação à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados pedindo a cassação do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por quebra de decoro parlamentar. O motivo foi a atuação do parlamentar junto às autoridades dos Estados Unidos contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em representação similar à apresentada ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), o partido, em documento assinado pela presidente Gleisi Hoffmann (PT-PR) e pelo líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), diz que Eduardo “patrocina, em estado estrangeiro, retaliações contra seu próprio país”. O documento é endereçado ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

A sigla também argumenta que Eduardo utiliza “informações torpes, reprováveis, caluniosas”, que seriam “incompatíveis com a dignidade e estatura de quem ocupa um cargo de deputado federal”.

O objetivo principal da representação é dificultar a chegada de Eduardo Bolsonaro à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (Creden) da Câmara. O deputado é o favorito para o cargo.

“Nós não aceitamos que a Câmara dos Deputados coloque Eduardo Bolsonaro de forma alguma como presidente da Comissão de Relações Exteriores. Ele ia usar a instituição Câmara dos Deputados para articular contra o Brasil. É isso que eles estão fazendo”, disse Lindbergh Farias em vídeo publicado em seu perfil do X (ex-Twitter).

Apreensão de passaporte

A bancada também acionou a PGR, assim como fizeram Rogério Correia e o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), para pedir a apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro. A justificativa é de que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro estaria cometendo crime de “lesa-pátria” ao defender, nos EUA, sanções ao Brasil.

“Eduardo Bolsonaro está praticamente morando nos Estados Unidos. Ele fica articulando contra os interesses nacionais. É uma articulação contra o Brasil, contra as instituições do Brasil. Por isso, a gente pede investigação”, afirmou Farias.

“O departamento de Estado norte-americano na quarta-feira (26) divulgou uma nota na qual ataca o STF, fala em censura no Brasil. Veja bem. Na sexta-feira passada, Eduardo Bolsonaro esteve nos Estados Unidos, com o embaixador Michael Kozak, alto funcionário do Departamento de Estado Norte-Americano para o hemisfério ocidental. Foi justamente daí que veio a nota atacando as instituições brasileiras. É um atentado à soberania nacional”, concluiu o líder do PT.

O deputado Eduardo Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre a representação contra ele na Comissão de Ética da Câmara. Sobre os pedidos para a apreensão de seu passaporte, no entanto, disse em seu perfil do X que tudo o que lhe importa é lutar pela “liberdade de presos injustamente”.

“Você prefere ter prestígio do Trump ou do Boulos? Não entro no Congresso para fazer amizades, quanto mais com invasor de propriedade e amigo do Hamas”, comentou.

Por Israel Medeiros do Correio Braziliense

Foto: Mário Agra e Kayo Magalhães/Câmara / Reprodução Correio Braziliense