Cerca de 50% das pessoas que responderam à Pesquisa de Satisfação e Prioridades dos Usuários do Transporte Público Coletivo por Ônibus do DF, do Tribunal de Contas do DF, passam mais de uma hora no veículo até chegar a seu destino. O formulário da enquete está disponível desde 7 de abril para preenchimento do público e pode ser respondido até 28 de abril, no site do TCDF.
De acordo com o presidente do tribunal, Manoel de Andrade, o levantamento, que conta, até o momento, com uma amostra de mais de mil pessoas, visa promover uma análise detalhada sobre a experiência dos usuários que que utilizam ônibus na capital.
“A pesquisa avalia aspectos como pontualidade e conformação dos custos de operação com a entrega aos usuários, para saber se esses valores que estão sendo pagos são realmente compatíveis”, explicou Andrade. “Os resultados preliminares apontam problemas que precisam de ajustes. Na pesquisa, há reclamações de assédio, de pontualidade, de segurança do transporte, de veículo cheio”, completou.
Entre os respondentes, 73% afirmaram utilizar o transporte público por motivos de trabalho, e 71% disseram usar dois ou mais ônibus por dia para fazer seu deslocamento de ida. Uma das principais reclamações dos passageiros é a superlotação dos ônibus, relatada como prioridade de melhoria por 67% da amostra que respondeu à pesquisa.
Outra crítica da população é o tempo de espera pelo ônibus, relatada por 58% dos participantes, e a falta de pontualidade dos veículos, apontada por 48% como principal problema no sistema de transporte público do DF. Um aspecto bem avaliado pelo público que respondeu à pesquisa, até o momento, é a retirada da forma de pagamento em dinheiro dos ônibus da capital.
Secretário destaca necessidade de metodologia científica
O secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves, reconheceu a importância do trabalho do TCDF, mas alertou para os riscos de pesquisas sem metodologia científica robusta. Ele destacou que enquetes on-line, com participação espontânea, podem distorcer a realidade ao superrepresentar insatisfações pontuais.
Gonçalves apresentou uma contradição entre os resultados da pesquisa e os dados oficiais: enquanto o TCDF apontou alta percepção de criminalidade, os registros da Secretaria de Segurança mostram queda nos roubos em ônibus. O secretário atribuiu essa diferença ao viés de respostas voluntárias em pesquisas não científicas.
Sobre a eliminação do dinheiro nos ônibus, bem avaliada na pesquisa, o secretário enumerou benefícios concretos: maior agilidade no embarque, redução de assaltos e possibilidade de requalificação profissional dos cobradores. Ele ressaltou que a medida faz parte de um processo de modernização do sistema.
O problema da lotação nos horários de pico foi analisado como uma questão complexa. Gonçalves explicou que ampliar a frota resolveria o problema momentâneo, mas criaria ônibus ociosos em outros períodos, comprometendo o equilíbrio financeiro do sistema de transporte.
“A Semob realiza pesquisas periódicas com universidades, usando métodos científicos e entrevistas presenciais. Esses dados são mais confiáveis para planejamento do que enquetes on-line, e têm baseado a revisão do Plano Diretor de Transporte Urbano”, destacou.
O secretário defendeu a necessidade de pesquisas com amostras representativas e métodos transparentes. “Só com dados confiáveis podemos tomar as melhores decisões para o transporte público. Sem rigor estatístico, corremos o risco de tomar decisões baseadas em percepções que não refletem a realidade”, concluiu.
Por Bruna Pauxis do Correio Braziliense
Foto: Ed Alves CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense