Aterro Sanitário de Brasília tem ações preventivas para evitar o caos

Empresa adota segurança de resíduos para prologar vida útil do espaço, além de ajudar a proteger o solo. Especialista afirma que coleta seletiva é fundamental para evitar contaminção

Originalmente projetado para ter uma vida útil até 2030, o Aterro Sanitário de Brasília enfrenta problemas de gestão de resíduos sólidos, o que impactou diretamente em sua estimativa de funcionamento, delimitando as ações até abril de 2027, cerca de dois anos e meio menos do que projeto original previa. Inaugurado em 2017, o local recebe cerca de 22 mil toneladas de lixo diariamente. Com a data-limite chegando, surgem preocupações ambientais e sociais, caso o espaço não consiga comportar o volume de resíduos. 

A correta manutenção e operação do aterro, assim como a conscientização da população sobre a separação de lixo orgânico e lixo reciclável, são ações de extrema importância para proporcionar um bom funcionamento do local. Segundo a diretora técnica do SLU, Andréa Almeida, cerca de 25% do material recebido é reciclável, o que prejudica a atuação do local. “Recebemos muito material que não era para ser aterrado. Às vezes, são materiais que demoram centenas de anos para se decompor”, explicou.

Com vida útil reduzida, o aterro recebeu um projeto de expansão em 2023, que garante uma nova estimativa de funcionamento de 30 anos. Andréa esclareceu que ações para garantir que essa vida útil seja cumprida estão sendo feitos. “Já temos, sim, uma empresa contratada que está fazendo os projetos”, afirmou. A técnica também avalia que a coleta seletiva é fundamental para garantir maior funcionamento do aterro. “Este ano estamos com 31 contratos para a coleta seletiva. Temos mais catadores para fazer a triagem e separação dos resíduos”, complementou. Segundo a técnica, entre 2020 e 2024, a coleta seletiva teve um aumento de 222%.

A empresa também investiu em outras ações que garantem a segurança dos resíduos aterrados no local. Além de estudos e pesquisas realizadas periodicamente, inovações tecnológicas também são implementadas. “Nós trabalhamos com um projeto em que há uma proteção mecânica do solo. Camadas de solo compactado com geotêxteis (materiais técnicos permeáveis) e colchões drenantes para absorver gases e chorume”, afirmou. 

Paulo Celso dos Reis, doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), avalia que a participação da sociedade é fundamental para promover uma maior sustentabilidade. “Não adianta nada fazer todo um sistema de tratamento (de lixo), se a população mistura esses resíduos na geração”, afirmou. Celso também argumentou que a criação de outros aterros devem ser viabilizados para garantir a redução do impacto ambiental no Distrito Federal. “Quarenta por cento do material que aterramos atualmente já deveria ser feito fora do Distrito Federal. Ao viabilizar mais aterros, o DF e municípios do Entorno poderão eliminar o lixo de forma mais responsável”, disse.

Padre Bernardo

Completou-se um mês, ontem, do desastre ambiental em um aterro sanitário em Padre Bernardo (GO). Pelo menos 40 mil toneladas de lixo deslizaram diretamente para o córrego Santa Bárbara. O Ministério Público de Goiás (MPGO) e o Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) decidiram, de forma judicial, o fechamento do espaço após o ocorrido.

A decisão foi fundamentada nos histórico de irregularidades que o local apresentava. O aterro Ouro Verde não possuía licença ambiental e operava, de forma irregular, em uma área de conservação do Rio Descoberto, que abastece o Distrito Federal e a Região do Entorno. Sobre o caso, o professor da UnB Paulo Celso disse que a tragédia contamina solo e subsolo, assim como, os recursos hídricos. “Essa tragédia traz consequências ambientais graves para a região. O potencial (de contaminação) tem que ser calculado. Há um sério risco de afetar o reservatório do Rio Descoberto, prejudicando a flora e a fauna nos arredores da represa”, afirmou.

A retirada das toneladas de lixo e, Padre Bernardo terá início na próxima segunda-feira. O material será alocado em uma região mais segura dentro da própria área do aterro. O local definitivo ainda será escolhido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

Por Por Brasília

Fonte Correio Braziliense       

Foto: Divulgação