Reforço dos ares: CBMDF usa aeronaves no combate a incêndios florestais

Tecnologia de ponta, aeronaves especializadas e pilotos experientes do Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) são aliados do combate a incêndios florestais em áreas complexas no Distrito Federal e em outros estados

Para enfrentar focos de incêndios florestais em áreas de difícil acesso e reduzir os danos ao meio ambiente, o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) intensifica o uso de aeronaves especializadas no combate às chamas. Elas dão suporte às equipes em solo, garantindo resposta rápida e eficiente. De acordo com o CBMDF, no ano passado foram registrados 107 voos, totalizando 200 horas de operação e o lançamento de 532,2 mil litros de água sobre focos de incêndio. Em 2025, até o momento, já foram realizados 65 voos, 50 horas de operação e o lançamento de 134,5 mil litros.

Por trás das missões, estão pilotos experientes, que atuam com coragem e precisão. O coronel Eloizio Ferreira, há 30 anos na corporação e 15 como piloto, e o coronel Dias Silva, com 27 anos de serviço e duas décadas de experiência na aviação, integram as equipes responsáveis por operar essas aeronaves no combate ao fogo.Play Video

Para o coronel Dias, as missões mais marcantes são as realizadas fora do DF. “Acho que até marcam mais porque fogem da nossa rotina. Já fui para a Chapada Diamantina, na Bahia, Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e Pantanal. Cada missão é única. No DF, o terreno é relativamente plano, mas na Chapada Diamantina, por exemplo, operamos em meio a montanhas e pistas de pouso de terra, o que torna o trabalho muito diferente”, relata.

O coronel Eloizio guarda na memória a atuação em Manaus (AM). “Foi a pior seca que vi lá. Tinha muito fogo e, em alguns dias, a visibilidade era tão baixa que não conseguíamos voar. Essas missões em outros biomas sempre marcam porque são cenários completamente diferentes do Cerrado”, afirma.

O lançamento de água é feito a cerca de 20 metros de altura, com a aeronave voando a aproximadamente 200km/h. O trabalho exige precisão: “Se a água é lançada muito alto, o vento espalha e perde o efeito”, explica Dias. As equipes atuam em regime de sobreaviso, garantindo resposta imediata quando acionadas.

Para se tornar piloto, é necessário fazer um concurso interno de oficial combatente e passar por um curso de formação de três anos. Atualmente, sete oficiais estão em treinamento específico para o voo de combate a incêndios, considerado o mais complexo devido à baixa altitude e às manobras necessárias para o lançamento de água.

O acionamento das aeronaves é feito pelas bases avançadas do CBMDF, que avaliam a gravidade, proporção e risco do incêndio. “Às vezes, o fogo é pequeno, mas está se aproximando de casas, o que exige resposta imediata”, explica Eloizio.

Estrutura e protocolos

No Esquadrão de Aviação (ESAV) do CBMDF, estão baseadas as aeronaves e as equipes técnicas. Hoje, a corporação conta com 10 pilotos habilitados e sete em formação, além de seis mecânicos aeronáuticos que trabalham em escala para garantir manutenção e apoio no solo.

O CBMDF dispõe de duas aeronaves Air Tractor AT-802F, específicas para combate aéreo a incêndios florestais; e duas Piper PA-18 Super Cub, usadas no reconhecimento aéreo, detecção de focos de calor e monitoramento ambiental.

O Air Tractor AT-802F possui capacidade para cerca de 3,1 mil litros de água, alta agilidade em voos de baixa altitude e pode operar em pistas de 600 metros. Seu abastecimento é feito por caminhões Auto-Tanque (AT) do CBMDF, diretamente no Aeroporto Internacional de Brasília, garantindo rapidez no reabastecimento.

acionamento aéreo é solicitado pelo telefone 193, após avaliação das equipes terrestres. As aeronaves são empregadas, principalmente, em áreas de difícil acesso, ocorrências de grande proporção ou situações com risco iminente à vida e ao patrimônio. O CBMDF também apoia operações em outros estados, em parceria com órgãos ambientais e de defesa civil.

Colaboração

O sucesso das ações depende também da colaboração da sociedade. O CBMDF orienta que a população denuncie focos de incêndio e evite práticas de risco, como queimadas irregulares e descarte de bitucas de cigarro em áreas verdes.

No DF, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado pelo 193 em casos de emergência. O Instituto Brasília Ambiental recebe denúncias sobre incêndios em unidades de conservação pelo telefone (61) 99224-7202 (também WhatsApp). Já a Polícia Militar Ambiental pode ser contatada pelo número (61) 99351-5736.

Segundo o ICMBio, ocorreu uma atividade de queima prescrita — prática de manejo de fogo envolvendo o uso intencional e controlado do fogo em áreas florestais para prevenir queimadas descontroladas em área diferente. O órgão esclareceu que a atividade não teve relação entre os dois eventos.

Por Por Brasília

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Bruna Gaston CB/DA Press