A adoção da tarifa zero nos ônibus e metrô do Distrito Federal — prevista para começar em março, e inicialmente, restrita aos domingos e feriados, como anunciou quinta-feira o governador Ibaneis Rocha — deve impulsionar o turismo local, disse ao Correio o secretário que cuida dessa área no GDF, Cristiano Araújo. Segundo ele, com a facilidade de deslocamento pela região, moradores e visitantes poderão descobrir pontos interessantes para visitação e diversão — museus, parques, templos etc. —, o que causará um impacto positivo na economia.
“A tarifa zero servirá como incentivo ao turismo interno. Além disso, com o metrô e os ônibus liberados (aos domingos e feriados), turistas podem estender sua estadia no DF até o fim de semana, aproveitando para explorar mais a região, e com menos gastos”, considerou Araújo. Ele detalhou que “com mais pessoas circulando, setores como gastronomia, comércio e entretenimento são beneficiados, gerando mais consumo e movimentando a economia. Além disso, a medida incentiva o uso do transporte público, reduzindo congestionamentos e emissões de carbono, o que pode ser um diferencial positivo para turistas preocupados com sustentabilidade”.
A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), informou, por sua vez, que atualmente há, no DF, 952 linhas de ônibus que contam com com uma frota de 3.020 veículos. E quanto ao metrô, a capital federal tem 27 estações — que funcionam das 7 às 19h — e 32 trens, conectando cinco regiões administrativas (Guará, Águas Claras, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia) à Rodoviária do Plano Piloto, com algumas paradas ao longo da Asa Sul.
Descobertas
No geral, a iniciativa do GDF pretende que, além dos visitantes, moradores de diversas partes da capital federal, que antes não tinham acesso a pontos turísticos, muitas vezes devido ao custo com o transporte, conheçam todo o território brasiliense, em seus dias de folga. E esse propósito foi confirmado com algumas pessoas com as quais o Correio conversou.
Bianca Medeiros, Maria Luiza Domingues e Rafaela Vitória, todas de 18 anos e brasilienses, veem na tarifa zero a oportunidade de, finalmente, ter acesso ao que desconheciam, mesmo criadas no DF. Coincidentemente, elas estavam na Rodoviária do Plano Piloto, onde tomam coletivos que as levam às suas casas, escolas e locais de trabalho. Mas, curiosamente, desse centro rodoviário poucas ou nenhum vez usaram algum transporte público que as levasse a apreciar o ponto do Brasil em que nasceram. Agora, asseguram que isso vai murar.
“Moro aqui desde que nasci, mas nunca fui à Catedral, que sempre tive vontade de visitar. Também nunca explorei muito o centro de Brasília. Agora, com a isenção da tarifa, vou aproveitar os finais de semana para conhecer novos lugares”, garante Bianca.
Maria Luiza também está animada. “Quero conhecer áreas do Lago Paranoá, como o Pontão, que ainda não visitei. Tem muita coisa para desbravar na cidade e, agora, sem precisar pagar passagem”, disse.
Rafaela Vitória está empolgada com a possibilidade de frequentar o Plano Piloto com mais frequência. “Quero passear bastante com meus amigos e conhecer pontos turísticos como a Catedral”, afirmou.
Outro filho da terra que também pretende se valer da gratuidade no transporte público é o estudante André Luiz Gonçalves Lopes, 21, morador de São Sebastião. Para ele, Brasília se torna, com isso, um destino ainda mais acessível e atrativo. Ele começa a desenhar seu itinerário. Pretende visitar com mais frequência o Parque da Asa Delta (no Lago Sul) além de outros pontos. “Gosto muito de espaços ao ar livre e quero explorar a Orla do Lago Paranoá”, afirmou.
Por Mariana Saraiva do Correio Braziliense
Foto: Ed Alves/CB / Reprodução Correio Braziliense