Com a chegada da quaresma, período de 40 dias de reflexão, penitência e preparação para a Páscoa, dois setores da economia são diretamente impactados: o mercado de pescados e o de chocolates. Embora as estimativas de negócios para esses segmentos ainda não tenham sido divulgadas, há empresas que esperam um crescimento expressivo no faturamento em relação a 2024.
Além da questão religiosa, o aumento no preço de outras proteínas, como carne bovina, frango e ovos, também contribui para o resultado positivo. Segundo comerciantes do Distrito Federal, a demanda por peixes e frutos do mar começa a aumentar, com destaque para a tilápia, enquanto lojas de doces apostam em lançamentos e nos tradicionais recheios para impulsionar as vendas de ovos de Páscoa.
Entre os estabelecimentos que se destacam nesse movimento está a Peixaria Número Um, na tradicional Feira do Guará. Com seis anos de atuação, o estabelecimento se tornou referência no mercado local, atraindo uma clientela fiel. A gerente, Cleide Gomes, 58 anos, confirmou que o período pós-carnaval marca o início de um ótimo incremento nas vendas. “Nosso comércio melhora bastante na Quaresma e esperamos que aumente demais esse ano”, disse ao Correio.
De acordo com Cleide, os peixes mais procurados são — por quilo — a pescada amarela (R$ 79,90), o robalo (R$ 89,90) e a tilápia (R$ 29,90, em promoção), além de camarão, que custa a partir de R$ 114, outro item bastante demandado pelos consumidores.
Quanto à expectativa de vendas, a gerente espera 10% de aumento em relação ao mesmo período de 2024.”Temos esperança de que venderemos o máximo de nossos produtos. Reforçamos todo o nosso estoque”, contou.
Entre os clientes da Peixaria Número Um, está Maria Júlio Miranda, 76, aposentada, que frequenta a Feira do Guará regularmente para garantir o peixe fresco. “Eu sempre compro a tilápia. Não tem espinho e faz muito sucesso na minha casa”, ressalta.
Católica há mais de 50 anos, ela conta que o gosto pelo peixe vai além da fé. “Faz bem para minha saúde”, explica. Na cozinha, a aposentada revela seu modo favorito de preparo. “Eu faço mais à milanesa, ou no forno, empanado, e fica muito bom”, compartilha.
Outra comerciante que está otimista com as vendas é Maria de Socorro Rodrigues, mais conhecida como Mary, proprietária da Mary Mar Peixaria, na Asa Norte. Com mais de 30 anos de experiência no ramo, ela relata que a procura por peixes começou a aumentar desde a quarta-feira de cinzas. “O volume de vendas cresceu. Nossa expectativa é de um aumento entre 70% e 80%, dos números do ano passado, nesse período”, avaliou.
Na Mary Mar Peixaria, a tilápia é o carro-chefe. O quilo do filé fresco está sendo vendido a R$ 73,90, enquanto a versão inteira sai por R$ 29,90. Outros peixes bastante procurados são a pescada amarela (R$ 89,90), o robalo (R$ 110,90) e a sardinha inteira (R$ 29,90). “Para nós, a Quaresma é como o Natal e o Ano Novo para o comércio tradicional. Todo ano temos um crescimento significativo nas vendas”, destaca Mari.
A Peixaria 408 Sul também se prepara para atender a demanda, especialmente porque muitas pessoas evitam o consumo de carne vermelha na Quaresma. Segundo Lumma Aparecida Olivé, responsável pela unidade, essa época representa um dos melhores períodos para o ramo. No local, os peixes mais procurados são o filé de tilápia, que é vendido a R$ 59,90 o quilo, o filé de robalo, a R$ 155, e o filé de salmão, a R$ 139,90.
Chocolates
O mercado de chocolates também se movimenta para atender a clientela na Páscoa. A LaBarr Chocolate de Origem, na Asa Norte, projeta um crescimento de mais de 100% no faturamento. Fundada em 2016 por Leandro Isaías Alves e sua esposa, Adriana Labarrère, a empresa surgiu após uma viagem à Bahia, onde o casal se encantou com a produção artesanal do produto e decidiu investir no próprio negócio.
“Desde nossa primeira Páscoa, em 2018, temos registrado crescimento ano após ano. Para 2025, nossa expectativa é dobrar o faturamento em relação ao ano passado”, revela Leandro. Entre os novos sabores, destacam-se os ovos de pequi, baru, maracujá do cerrado, seriguela e pimenta de macaco. Os preços variam de R$ 20 a R$ 300, dependendo do tamanho e do recheio.
A Chocolates Brasil Cacau, com unidade na Asa Norte, também está otimista. A gerente da loja, Vanei Neres, ressalta que, apesar do cenário econômico desafiador, deve haver um aumento de 20% no faturamento em relação a 2024. “Temos os ovos tradicionais, mas também lançamentos e preços competitivos”, garante.
Os sabores mais vendidos são o chocolate ao leite, Ovomaltine e pistache, além das opções de chocolate amargo, que conquistam cada vez mais consumidores. O ovo de chocolate amargo com recheio trufado custa R$ 115,50 ou R$ 110,00 (para clientes cadastrados). Outro destaque vai para o delírios de pistache 550g, que custa R$ 137,50 ou R$ 132,00 (para clientes cadastrados).
Por Davi Cruz do Correio Braziliense
Foto: Ed Alves CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense