Apesar de já transcorridas quatro décadas da eleição de José Sarney como presidente da República, que consolidou a volta de um regime democrático no país, o Brasil ainda possui dívidas a pagar para com a democracia, é o que pensa o ex-governador do Distrito Federal e ex-senador Cristovam Buarque, que participou do evento Democracia 40 anos: conquistas, dívidas e desafios, neste sábado (15/3). O seminário suprapartidário é organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e pelo partido Cidadania, e que conta com o apoio do Correio.
Entre as “dívidas” citadas pelo ex-governador, ainda está o nível alto de corrução, alinhada ao alto nível de corporativismo estatal. “O Brasil é profundamente dividido em coorporações. Temos 90 milhões de processos jurídicos atualmente, e isso é fruto de um corporativismo”, considerou.
Também mencionou a questão do Bolsa Família, criado durante o primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que, segundo Buarque, deveria ter um prazo para terminar.
“Ainda não temos uma estratégia para diminuir a pobreza do Brasil. Não temos uma estratégia para dizer que daqui a 20 anos vamos acabar com o Bolsa Família no Brasil. Nós não reduzimos a desigualdade como deveríamos, o Índice de Gini continua o mesmo. O Brasil ainda é um país com uma concertação de renda alta”, acrescentou o político.
Ele ainda defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e considerou que há dificuldades para levar adiante projetos no Congresso Nacional para atingir o equilíbrio fiscal nas contas públicas. “Quando o ministro Haddad tenta fazer o necessário para equilibrar as finanças, vem o Congresso Nacional e reage”, considerou.
Olhar para a educação
Diante disso, o ex-governador finalizou sua exposição durante o evento levantando uma reflexão sobre a importância da educação básica no país, que, segundo ele, vem sendo relativizada nos últimos anos. Acrescentou que o futuro do planeta depende, principalmente, das novas gerações.
“Em 29 COPs, em nenhuma se falou sobre educação. A solução para o equilibro ecológico está nas crianças, que precisam de um grande programa de conscientização ecológica. Criar um grande progema de educação, com toda a escola para a preocupação do equilibrio ecológico, da sustenatabilidade”, sustentou.
Por Raphael Pati do Correio Braziliense
Foto: Mariana Campos/CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense