O empresário Paulo Octávio foi o entrevistado do CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — dessa Sexta-feira Santa (18/4). Ele conversou com as jornalistas Ana Maria Campos e Sibele Negromonte. Com trajetória de cinco décadas, o empreendedor contou que cresceu e evoluiu junto com a história da capital do país. Neste ano, quando Brasília comemora 65 anos, ele celebra 50 anos de CNPJ e a marca de 6 mil empregos formais gerados pela Paulo Octavio Investimentos.
A história de Paulo Octávio com a capital começou ainda na adolescência, em 1962, quando ele tinha 12 anos. “Meu pai sempre me incentivou a vir para a cidade. Ele era apaixonado pela construção de Brasília. Por isso, tive uma vida dedicada a esta cidade”, contou. Foi no Planalto Central que, aos 25 anos, em 1975, ele fundou a empresa Paulo Octávio, consolidando-se como um empresário de sucesso. Hoje, é presidente do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) e do Partido Social Democrático (PSD) no Distrito Federal.
A construtora de Paulo Octávio foi responsável por erguer os primeiros prédios em Taguatinga, Ceilândia, Gama e Guará. “Fomos pioneiros em muitas áreas que estavam apenas começando. Depois, expandimos para o setor hoteleiro e, mais tarde, para os shoppings. Foi uma trajetória difícil até aqui. As pessoas me perguntam quando vou me aposentar, já que estou com 75 anos. Sempre respondo que estou no empreendimento de número 800 e que, quando chegar ao milésimo, prometo que me aposento. Espero que consigamos isso até 2030”, afirmou.
Para ele, se Juscelino Kubitschek pudesse olhar lá de cima para Brasília, veria que a realidade superou o sonho. “O que, no começo, era para ser uma cidade com cerca de 500 mil habitantes, cresceu muito. É extraordinário ver quantas cidades surgiram ao redor da capital. Muitas delas eu vi nascer. Eu vi a primeira rua de Samambaia”, detalhou.
Como o senhor vê o desenvolvimento econômico da cidade?
Acredito que precisamos incentivar o turismo. O Brasil não conhece Brasília. Precisamos fazer com que os brasileiros conheçam a capital. Ela é símbolo de um país. Temos que atrair mais gente, promover eventos esportivos. É uma cidade extraordinária para o esporte. Temos a melhor polícia e a melhor segurança do Brasil. Então, temos tudo para crescer e incentivar o setor produtivo. O governo tem criado projetos de incentivo, e precisamos mostrar ao país que Brasília é, sim, uma cidade empresarial.
Quais os projetos futuros da Paulo Octavio Investimentos?
Tenho uma notícia em primeira mão: conseguimos, finalmente, aprovar o shopping de Planaltina. Temos agora o alvará para construir um shopping na cidade, coisa que eu queria fazer há muito tempo. Só que os projetos muitas vezes demoram bastante — esse demorou quase 10 anos. A previsão é de que, em julho, a gente comece as obras. E, no Natal deste ano, vamos inaugurar o Manhattan Shopping, em Águas Claras. Está lindíssimo, vai ficar espetacular. Acho que vai agregar muito à comunidade. Temos empreendimentos programados até 2030, porque sem projetos de futuro a empresa não avança.
Brasília ainda depende muito dos repasses federais, especialmente do Fundo Constitucional?
Isso sempre me preocupou. Quando fui deputado federal, de 1998 a 2002, meu primeiro projeto foi criar o Fundo Constitucional. Trabalhamos muito para aprovar esse projeto, porque eu sempre entendi a necessidade de Brasília como capital. Desde o início, a União sempre repassou recursos, mas não havia nada formalizado, era algo voluntário. E isso me preocupava, pois o governador dependia do bom humor do presidente. Se não houvesse repasse, ficávamos com salários atrasados. Hoje, temos um orçamento de R$ 700 bilhões, e cerca de R$ 20 bilhões vêm do Fundo Constitucional. É uma garantia enorme.
Quantos empregos o senhor acredita que sua empresa já gerou?
Minha maior felicidade é assinar uma carteira de trabalho. Já assinamos 52 mil carteiras. Claro, ao longo de 50 anos. Hoje, temos cerca de 6 mil empregos diretos, além de muitos indiretos. Temos um leque de funcionários muito grande e, graças a Deus, todos muito bem.
Na visão do senhor, o que falta para o Brasil ter mais recursos e desenvolvimento?
Tudo é gestão. Temos governadores que estão gerindo bem seus estados, e isso é fundamental. O que sinto falta no Brasil é de um programa de governo. Quando um governante — municipal, estadual ou federal — assume, ele precisa apresentar um projeto de ação. Por que o sucesso do presidente JK? Porque ele tinha metas. Na campanha, apresentou todas, e cumpriu. Quem poderia imaginar fazer uma cidade no interior do Brasil em mil dias? As metas de energia e transporte foram executadas. Veja quantas estradas foram abertas. Ele desenvolveu o Brasil em todos os sentidos porque tinha um projeto. E, quando há um projeto, a população acompanha, as empresas acompanham, a sociedade acompanha. Os trabalhadores sentem o otimismo.
Por Mariana Saraiva do Correio Braziliense
Foto: Carlos Vieira/CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense