IOF, INSS e emendas: STF busca conciliação para resolver conflitos

Onze ministros do tribunal buscaram conciliação para solução de conflitos nos últimos meses, mas nem sempre tiveram sucesso

STF (Supremo Tribunal Federal) tem buscado, quando possível, nas ações que chegam à Corte, soluções consensuais para conflitos processuais. Ganharam destaque nesta semana o acordo para ressarcir aposentados que foram lesados por fraudes no INSS e a marcação de uma audiência de conciliação sobre o IOF.

O ministro Alexandre de Moraes suspendeu nesta sexta-feira (4) os efeitos de três decretos presidenciais que aumentavam as alíquotas do IOF e o decreto legislativo que havia derrubado os atos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Moraes determinou a realização de uma audiência de conciliação no dia 15 de julho entre a Presidência da República, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, a PGR (Procuradoria-Geral da República), a AGU (Advocacia-Geral da União), o PSOL e o PL.

Nesta quinta-feira (3), o ministro Dias Toffoli validou um acordo que prevê a devolução integral e imediata de valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas do INSS.

Toffoli escreveu em sua decisão que foi possível “implementar soluções operacionais consensuais para a devolução célere e integral dos valores descontados indevidamente”.

Nos últimos anos, os onze ministros do tribunal buscaram a conciliação para a resolução de conflitos entre partes que acionaram o STF. Mas nem sempre as tentativas dos magistrados tiveram sucesso.

O aperfeiçoamento da execução dos pagamentos das emendas pix foi negociado pelo governo e pelo Congresso, sob a supervisão do ministro Flávio Dino. Mesmo após o acordo, houve descumprimento e tentativa de drible ao que foi negociado. A queda de braço segue.

No mês passado, a ministra Cármen Lúcia enviou ao Centro de Soluções Alternativas de Litígios do STF a ação apresentada pelo governo do Espírito Santo contra lei que fixou novas regras de distribuição dos royalties do petróleo.

A ministra levou em consideração a relevância do tema e a imprescindibilidade do diálogo e da cooperação institucionais para a solução dos conflitos federativos.

No final de junho, as audiências de conciliação sobre a lei do marco temporal foram encerradas com avanços em pontos de consensos, mas com pendências ainda na proposta de anteprojeto de lei que deve ser encaminhada ao Congresso Nacional.

Já o futuro do Gasoduto Subida da Serra, em São Paulo, será decidido pelos ministros do tribunal, depois de tentativas de conciliação terem fracassado. O Núcleo de Solução Consensual de Conflitos do STF já havia conduzido outras quatro rodadas de negociações. A PGR foi favorável à continuidade do processo, diante da impossibilidade de acordo.

Em fevereiro, o ministro Gilmar Mendes validou acordo entre União e a farmacêutica Roche sobre medicamento Elevidys, indicado para tratamento da Distrofia Muscular de Duchenne.

A solução garante economia aproximada de R$ 250 milhões para os cofres públicos e prevê cumprimento de decisões provisória para aquisição do remédio de alto custo. Antes do acordo, a dose do remédio tinha custo estimado em R$ 17 milhões.

Após quase dois anos de tratativas, a AGU e a Eletrobras fecharam em fevereiro um acordo sobre os aspectos de governança e a participação da União na empresa. As negociações foram feitas no âmbito de uma ação relatada pelo ministro Nunes Marques.

Outro procedimento de conciliação que está no gabinete de Moraes é o que trata do Ferrogrão, ferrovia que busca ligar o Pará a Mato Grosso. O ministro suspendeu no ano passado a tramitação de uma ação que questiona a destinação de parte do Parque Nacional do Jamanxim (PA) ao projeto.

O ministro já havia determinado, no final de 2023, a suspensão do processo por seis meses para que se concluíssem os estudos e as atualizações sugeridas no procedimento de conciliação. Até hoje não houve consenso.

Em setembro do ano passado, a AGU e a CGU (Controladoria-Geral da União) entregaram ao ministro André Mendonça a proposta final do acordo de leniência com as empresas envolvidas no âmbito da Operação Lava Jato.

Em valores da época, sete empresas deviam R$ 11,8 bilhões aos cofres públicos e estão inadimplentes. A União apresentou uma fórmula que prevê abatimento de até 50% no saldo devedor.

A equipe econômica do governo federal e o Congresso chegaram a um acordo sobre a desoneração da folha de pagamento de 17 setores para que a cobrança tributária fosse retomada, de forma gradual, a partir deste ano. O consenso foi alcançado depois de judicialização do tema no STF, sob a supervisão de Cristiano Zanin.

Em novembro, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, validou o acordo de renegociação para a reparação de danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015.

O acerto estabelece a destinação de R$ 170 bilhões para ações de reparação e compensação, sendo que R$ 38 bilhões já foram investidos. Do total, são R$ 11,5 bi em indenizações individuais para afetados pelo rompimento da barragem.

Em junho do ano passado terminou sem acordo a primeira audiência de conciliação sobre a dívida do Rio Grande do Sul com a União mediada pelo ministro Luiz Fux. A mesa de negociação foi aberta em ação que busca uma possível anistia à dívida de cerca de R$ 100 bilhões do Estado, afetado depois das enchentes em maio.

De concreto, ficou decidido que o estado e os municípios vão receber do governo federal uma antecipação de R$ 680 milhões, referentes a compensações do ICMS a que já teriam direito para o ano que vem.

Por Por Brasília

Fonte CNN Brasil

Foto: Fellipe Sampaio /STF