Data definida por Zanin impede que vista adie caso de Bolsonaro para 2026

Mesmo com pedido de mais tempo para análise por parte de algum ministro, julgamento deve ser finalizado neste ano, atendendo objetivo da Corte em não deixar que caso avance para ano eleitoral

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começa em duas semanas. O presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, agendou oito sessões para analisar o caso, com início em 2 de setembro e fim no dia 12.

A data definida blinda o julgamento de ser adiado para 2026 mesmo que haja um pedido de vista. Como mostrou a CNN, ministros buscam impedir que o julgamento interfira nas eleições presidenciais ou que o clima pré-eleitoral influencie as discussões.

Entre os integrantes da Turma, Luiz Fux tem sido visto como uma possível fonte de divergência. Havia expectativa de que ele pedisse vista – mais tempo para análise – e adiasse a conclusão do julgamento.

Mesmo que isso ocorresse no último dia das sessões, em 12 de setembro, o regimento interno do STF determina a devolução do processo em até 90 dias, o que permitiria a retomada ainda na primeira quinzena de dezembro e a finalização neste ano.

Segundo apuração da CNN, porém, Fux indicou a interlocutores que não pedirá vista. Ele deve divergir do relator Alexandre de Moraes, ao menos em relação à pena.

O ministro tem sinalizado que as punições previstas para os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito não devem se somar, mas se sobrepor.

Esse entendimento segue o princípio da consunção, aplicado quando um crime é considerado meio para a prática de outro e, por isso, é “absorvido”.

Na prática, a aplicação desse princípio reduz o tempo de pena, já que impede o acúmulo das sanções.

A defesa de Bolsonaro e de outros réus também recorreu à consunção nas alegações finais para tentar diminuir as penas. Fux já aplicou o mesmo raciocínio em outras ações relacionadas aos atos de 8 de janeiro.

Essa posição, no entanto, não deve prevalecer no julgamento. A tendência, conforme mostrou a CNN, é de que a maioria acompanhe o relator, ministro Alexandre de Moraes, por uma dosimetria mais severa.

Por Por Brasília

Fonte CNN Brasil    

Foto: Mateus Bonomi/Agif – Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo