CLDF se divide sobre atos golpistas

Após os ataques, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes

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Na segunda-feira (09/01), os parlamentares se reuniram em uma sessão extraordinária para debater os atos antidemocráticos e de vandalismo que aconteceram ontem na Praça dos Três Poderes. No total, 23 participantes compareceram na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

Após a invasão e destruição das sedes do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

O deputado federal Joaquim Roriz Neto (PL) falou que os eventos desse domingo (8) foram incalculáveis. ” A câmara precisa mostrar pra população que não vai aceitar atos contra a democracia. Não podemos colocar essa conta no Ibaneis”, defendeu.

Líder do Governo na CLDF, o deputado Hermeto (MDB) discordou da decisão de Alexandre de Moraes de afastar Ibaneis Rocha do governo do Distrito Federal. Ele vê a situação como um oportunismo de impeachment e acredita que o governador tem direito de defesa.

“Não se pode jogar a culpa só na polícia, no governador. A Abin e a Polícia Federal tinham obrigação de passar as informações pro ministro. Esse pedido de impeachment é oportunista. O governador não teve o direito da defesa e me deixa preocupado tirar ele com um ato monocrático. Daqui a pouco qualquer ato que fizermos seremos afastados”, afirmou.

De acordo com o deputado distrital Roosevelt Vilela (PL), o caso do afastamento de Ibaneis “foi imprudente, ilegal e desnecessário. Espero que num espaço curto de tempo isso possa ser restabelecido e restaurada a ordem. Ele tomou ações enérgicas, e foi induzido ao erro por um secretário.”

Iolando (MDB) defende o retorno imediato do governador, indignado por conta dessa questão. “O momento dessa casa não é entrar num barco de pirotecnia e oportunismo de abrir uma CPI antes de se aprofundar as investigações.”

Por outro lado, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL) disse que a democracia corre riscos. Para Fábio, o ataque golpista “foi uma omissão da segurança e não há como relativizar, a culpa é do governador. O que estamos vivendo é inaceitável. Foi tentativa de golpe de estado e essa casa precisa assumir sua responsabilidade.”

O deputado Max Maciel (PSOL) concordou com Fábio Félix e atribuiu a responsabilidade do controle ao Governo do DF. “Avisamos que tínhamos que punir e expulsar quem estava lá. Isso não foi acaso, eles vem planejando atentar contra a democracia há muito tempo. O GDF prevaricou ao não tomar atitude. Não deviam ter deixado descer as manifestações”, falou.

Ricardo Vale (PT) falou que não existe nada de democrático nos atos, pois falar em intervenção militar é crime. “Ibaneis tem culpa muito grande de tudo que tá acontecendo. Tem muita gente no DF que tem que pagar por esses atos. Espero que possamos ajudar o judiciário a resolver e prender esses facistas. Não podemos admitir que a democracia entre em risco. O Bolsonaro veio destruir a democracia”, afirmou.

De acordo com Gabriel Magno (PT), as “forças policiais se omitem há um tempo. É preciso rever essa agenda, de gente pedindo a volta da ditadura e atacando a democracia.” Para ele, a ação rápida de intervenção do presidente e do ministro da justiça derrotou o golpismo. “É fundamental continuar prendendo quem estava lá e quem financiou e organizou esse processo, e quem é responsável pela conivência ou omissão”, completou.

Deise Amarílio (PSB) frisou que os atos foram um ataque direto à Constituição Federal. “Todos nós concordamos que o que se viu jamais pode acontecer novamente. Jamais podemos deixar de defender as manifestações pacíficas, que são um direito constitucional. É obrigação de deputado e da Casa fiscalizar do governador ao comando, tem que punir quem for,” afirmou.

Segundo Paula Belmonte (Cidadania), faltou um monitoramento federal: “Existe omissão de lá também. Precisamos estar unidos para dar uma resposta à sociedade Brasiliense. Somos a capital do Brasil. Atos de vandalismo é uma coisa, a manifestação é outra. Temos que defender quem quer se manifestar pacificamente”.

Eduardo Pedrosa (União) falou que “pode haver protestos, mas nunca da maneira que aconteceu. É necessário dividir responsabilidade com o governo federal.”

Pepa (PP) concordou: “O que vimos domingo é ato de um bando de pessoas que não respeita esse país.”

Jorge Vianna (PSD) interpretou que o desfecho poderia ter sido diferente “se o governador tivesse apoiado o Lula”. Ele ainda falou que ninguém queria participar da comissão de segurança e que agora todo mundo quer fazer parte. “Temos que respirar, pensar e não evidenciar ainda mais de forma negativa a nossa cidade,” disse.

Já para o deputado distrital Thiago Manzoni (PL) é preciso deixar de lado as questões partidárias. “Não é momento de acirrar os ânimos, a situação já é ruim o suficiente. Queria propor que a gente se comprometa a amenizar essa situação e precisamos ter muita sabedoria”, concluiu.

Com o mesmo pensamento sobre a responsabilidade enquanto parlamentar, Morro da Cruz (PMN) concordou que é um dever defender a democracia: “Não podemos aceitar que uma minoria raivosa atue contra a democracia.”

Por Letícia Meirelly do Jornal de Brasília

Foto: Paulo Carvalho/Agência Brasília / Reprodução do Jornal de Brasília