O que não falar em uma entrevista de emprego?

Veja dicas para se sair bem no momento da avaliação para aquela vaga que você tanto deseja

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A entrevista de emprego é uma etapa crucial para conquistar a vaga desejada. É a oportunidade de demonstrar suas habilidades, experiência e alinhamento com a empresa. Mas alguns deslizes podem comprometer sua imagem diante do recrutador.

Luciana Veloso Baruki, auditora em fiscalizações de assédio no Ministério do Trabalho, advogada e médica pós-graduada em saúde mental e psiquiatria, compartilha algumas dicas sobre o que evitar em uma entrevista e como se preparar para causar uma ótima impressão.

Não demonstrar interesse pela vaga

Em entrevistas, afirmar que você faz “qualquer coisa” ou que está apenas “buscando um emprego” pode ser prejudicial, uma vez que pode mostrar falta de foco. O interesse claro e genuíno pela vaga e pela empresa é altamente valorizado.

Segundo os americanos Frank L. Schmidt e John E. Hunter, pesquisadores de psicologia organizacional, em 1998 por meio do estudo ‘The Validity and Utility of Selection Methods in Personnel Psychology’ eles já afirmavam que a clareza sobre o interesse na função está diretamente relacionada ao sucesso do candidato em uma seleção.

“Mostre que pesquisou sobre a empresa, entende a posição e tenha interesse genuíno em contribuir. Reflita sobre como suas habilidades podem resolver desafios específicos da vaga”, afirma Baruki.

Falar mal de ex-empregadores

Por mais complicado que tenha sido o ambiente anterior, não critique antigos chefes ou colegas. Em vez disso, destaque os aprendizados obtidos nas dificuldades, demonstrando maturidade e profissionalismo.

Baruki destaca outro pesquisador americano, Bennett J. Tepper, professor na Fisher College of Business da Ohio State University, que em 2007 em seu artigo Abusive Supervision in Organizations, afirmou que candidato que fala mal de um empregador anterior pode ser visto como uma pessoa que não sabe lidar com conflitos de maneira construtiva.

“Ao invés disso, é mais eficaz falar sobre o que foi aprendido em situações difíceis e como isso contribuiu para seu crescimento profissional”, afirma Baruki.

Não diminua suas experiências

Desvalorizar suas habilidades ou mencionar inseguranças pode prejudicar sua imagem. Fale sobre suas competências transferíveis e mostre entusiasmo por aprender e crescer. Confiança é chave.

Ao dizer frases como “não tenho muita experiência”, você pode passar uma imagem de insegurança, afirma Baruki, que lembra de um estudo do pesquisador social americano e professor na Columbia University, Tory Higgins, que indica que candidatos que demonstram uma visão negativa de si mesmos durante a entrevista são percebidos como menos qualificados.

“Ao invés disso, o candidato deve destacar suas habilidades transferíveis e o entusiasmo por aprender”, afirma a auditora.

Fuja de respostas clichês

Respostas como “sou perfeccionista” sobre fraquezas não agregam valor. Seja autêntico! Identifique uma área de melhoria real e explique como tem trabalhado para superá-la.

Marcus Buckingham, pesquisador e consultor britânico, em seu artigo First, Break All the Rules publicado no Gallup Management Journal em 2001, sugere que as melhores respostas sobre fraquezas são aquelas em que o candidato admite uma área de melhoria genuína e demonstra como está trabalhando para melhorar.

“Esse tipo de resposta não só mostra autoconhecimento, mas também um compromisso com o desenvolvimento pessoal”, diz Baruki.

Não fale sobre intenções que não tem relação com o cargo

Evite mencionar planos que pareçam desalinhados com o cargo, como abrir um negócio próprio em breve. Mostre interesse em construir uma trajetória de crescimento dentro da empresa.

“Falar sobre sua visão de futuro, alinhada ao cargo e à empresa, transmite estabilidade e desejo de contribuir para o sucesso a longo prazo da empresa”, afirma Baruki.

Salários e benefícios não são tudo

Embora importantes, não coloque a remuneração como prioridade na primeira conversa.

Pesquisas da americana Sara L. Rynes, pesquisadora e acadêmica da University of Iowa, sugerem que candidatos que se concentram excessivamente em compensação salarial são vistos como desinteressados no cargo em si, mas apenas no que ele pode oferecer em termos de benefícios financeiros.

“Concentre-se em como o cargo se alinha com seus objetivos e valores, destacando sua motivação intrínseca”, afirma Baruki que também é formada em administração de empresas.

Compartilhamento pessoal excessivo

Compartilhar questões pessoais de forma excessiva ou irrelevante para o trabalho também pode ser prejudicial. Estudos como o de Delroy L. Paulhus, psicólogo canadense conhecido por suas pesquisas sobre traços de personalidade, indicam que candidatos que revelam muito sobre sua vida pessoal ou que discutem tópicos sensíveis sem relação com a vaga podem ser vistos como desorganizados ou pouco profissionais.

“Em vez disso, deve-se manter o foco na sua experiência profissional e nas qualificações que você traz para o cargo”, afirma a especialista.

Evite exageros ou promessas vazias

Afirmações exageradas ou promessas irreais sobre sua experiência podem ser prejudiciais. Estudo de Filip Lievens e Bert Peeters, pesquisadores belgas de psicologia organizacional, mostrou que candidatos que se apresentam com qualidades que não podem ser comprovadas geralmente geram desconfiança nos recrutadores.

“Seja honesto sobre suas qualificações e ofereça exemplos concretos que comprovem suas habilidades”, afirma Baruki.

Respostas genéricas ou evasivas

Evitar perguntas específicas ou dar respostas vagas pode ser um sinal de falta de preparação.

“Em vez de dizer ‘eu faço de tudo’, foque em como suas habilidades específicas atendem à vaga”, afirma Baruki.

Foco excessivo nos pontos negativos

Evite comentários críticos sobre a empresa ou comparações desfavoráveis com empregos anteriores.

“Concentre-se em como você pode contribuir para as áreas que precisam de melhorias, mostrando uma atitude construtiva”, afirma.

Por Layane Serrano

Foto: Olaser/Getty Images / Reprodução Exame