A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou nesta sexta-feira (25) contra o pedido da defesa do general da reserva Mario Fernandes para converter a prisão preventiva em domiciliar.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, levou em conta a confissão do militar sobre a autoria do plano “Punhal Verde e Amarelo”, durante depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“O acusado admitiu ter idealizado e produzido o documento do plano ‘Punhal Verde e Amarelo’. As afirmações confirmam a hipótese acusatória e, se interpretadas à luz de todo o contexto probatório, tornam inverossímil presumir que o requerente, após confeccionar o material, não o divulgou a seus pares, denunciados por delitos da mesma natureza”, afirmou Gonet.
Mario Fernandes está preso preventivamente desde novembro do ano passado, após operação da Polícia Federal que encontrou o documento em seu computador. O plano previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Em depoimento, o general admitiu ter elaborado o texto, mas disse que se tratava apenas de uma “análise de risco” pessoal, sem intenção de execução.
“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém”, declarou.
Na época em que o plano foi redigido, Fernandes ocupava o cargo de número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Entre 2018 e 2020, comandou as Operações Especiais do Exército — os chamados “kids pretos” — grupo que, segundo a PF, seria responsável por executar ações previstas no plano de golpe.
Moraes já havia negado dois pedidos da defesa para converter a prisão em domiciliar, nos dias 14 de abril e 7 de julho. Após as negativas, os advogados apresentaram um agravo regimental.
À CNN, o advogado Marcus Vinicius Figueiredo, que compõe a defesa do militar, afirmou que a declaração não representa um fato novo; nem configura confissão de plano criminoso.
“O general nunca disse que fez um plano para matar alguém. Ele apenas reconheceu que o documento encontrado no HD era dele. E sobre isso não é fato novo”, declarou.
O que é o plano Punhal Verde e Amarelo
De acordo com a Polícia Federal, o plano “Punhal Verde e Amarelo” detalhava o assassinato de autoridades e etapas para a instalação de um regime militar. No documento, Lula é citado como “Jeca”, Alckmin como “Joca” e um terceiro codinome, “Juca”, ainda não foi identificado.
A investigação aponta que o arquivo foi impresso por Fernandes dentro do Palácio do Planalto. Em seguida, ele teria se deslocado até o Palácio da Alvorada, onde se encontrou com o então ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid.
A PF e a PGR sustentam que Jair Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do conteúdo e do plano.
Por Por Brasília
Fonte CNN Brasil
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