Tudo começou com um toque. Ao sentir um caroço no seio direito, Neuza Viana, 63 anos, compartilhou sua preocupação com uma amiga. “Ela falou que era melhor eu ir ao médico, então fui na UBS [Unidade Básica de Saúde] de Ceilândia Norte”, conta a moradora da região. Após ser consultada e fazer os exames necessários, em 2019, veio o diagnóstico de câncer de mama. “O médico disse que eu estava com um caroço do tamanho de um limão. Eu fiquei assustada, porque não imaginava que fosse tão grande”, relembra.
Em meio às diversas batalhas que as mulheres enfrentam diariamente, uma delas pode chegar silenciosa: a luta contra o câncer de mama. Por isso, o autoexame é uma ferramenta poderosa para detectar possíveis sinais da doença, que é a principal causa de mortes por câncer em mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O autoexame envolve a observação e o toque dos seios para identificar possíveis alterações, como nódulos, inchaços, alterações na textura ou secreções mamárias. Ao conhecer bem seus próprios corpos, as mulheres estão em uma posição única para perceber mudanças sutis e buscar ajuda médica. “O mais importante é aprender a conhecer o próprio corpo e, no momento que identificar algo diferente fazendo o autoexame, seja um nódulo ou alguma alteração na pele, procure um especialista para se informar”, explica a referência técnica distrital (RTD) em mastologia, Farid Sanches.
O especialista explica ainda que o câncer de mama, quando detectado em estágios iniciais, geralmente responde melhor ao tratamento. O autoexame regular permite que as mulheres identifiquem alguma anormalidade, aumentando assim as chances de um diagnóstico precoce. “Para as mulheres que menstruam, é recomendado fazer o autoexame das mamas cinco dias após a menstruação. Já as mulheres que estão na menopausa podem fazer a qualquer momento”, orienta.
Autoestima resgatada
Depois de enfrentar todas as etapas do tratamento, desde a quimioterapia à cirurgia de retirada do seio, Neuza foi uma das 50 mulheres beneficiadas no oitavo mutirão de reconstrução de mamas realizado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Em alusão ao Outubro Rosa, a ação ajudou a renovar a autoestima e a autoconfiança de mulheres que tiveram a retirada total ou parcial das mamas devido ao câncer (mastectomia).
Horas antes do procedimento, na sala da enfermaria, Neuza já celebrava. “Estou tranquila, feliz e doida pra fazer logo a cirurgia. Vai melhorar tudo, principalmente a minha autoestima.” As próteses mamárias para implante foram fruto de parceria do governo do Distrito Federal (GDF) com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Neste mês, a unidade do Centro Cirúrgico e Ginecologia do HRT está especialmente decorada para proporcionar um ambiente acolhedor para as pacientes. “A mama não é apenas uma parte do corpo, é um símbolo da identidade feminina. A perda da mama e a queda dos cabelos devido à quimioterapia geram um impacto emocional imenso”, destaca a RTD de cirurgia plástica, Izabelle Barbosa, sobre a importância da ação.
A força-tarefa para viabilizar o mutirão, que ocorreu de 16 a 21 de outubro, envolveu uma equipe de vários profissionais voluntários. Cirurgiões plásticos, anestesistas, enfermeiros, técnicos em enfermagem, tatuadores especializados em reconstrução da aréola mamária, psicólogos e fisioterapeutas ofereceram tempo e habilidades de forma gratuita.
Pela primeira vez participando da iniciativa, o cirurgião plástico do Hospital Regional de Samambaia (HRSam) Fabiano Gondim explica que, para cada cirurgia, há uma estratégia técnica. “É um procedimento muito delicado, pois a reconstrução é como uma onda do mar, não existe uma igual à outra”, pontuou. “É uma iniciativa muito válida, pois conseguimos não só dar vazão à demanda reprimida, mas também devolver a autoestima dessas mulheres”, completa.
*Com informações da Secretaria de Saúde
Por Agência Brasília
Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF / Reprodução Agência Brasília