A creche do Paranoá, onde um bebê de um ano foi esquecida dentro de uma sala trancada, escura e lotada de baratas, foi interditada na manhã desta sexta-feira (10/11) por auditores fiscais da Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal).
De acordo com a pasta, a creche Educa Mais exercia as atividades com o certificado de licenciamento inválido e teve de encerrar imediatamente as atividades. Os auditores notaram que a creche não tinha aprovação da Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Educação nem da Defesa Civil.
Por ser considerado uma atividade de grande risco pelo Decreto 36.948/2015, a pasta informou que o estabelecimento “só poderia funcionar após receber liberação de todos aqueles órgãos”. “A pasta acompanha a situação e, caso a creche descumpra a interdição, estará sujeita a multas sucessivas”, completou a secretaria, em nota. Veja o vídeo da sala onde a criança foi encontrada.
O caso
O caso foi revelado pela TV Brasília, parceira do Correio Braziliense. O pai do menino, Davi Nascimento usou as redes sociais para relatar o caso. Segundo ele, na noite da última segunda-feira (6/11), a esposa foi buscar o filho na creche Educa Mais, onde ele estava na segunda semana de adaptação.
No local, ela se deparou com uma situação desesperadora ao encontrar a criança trancada sozinha dentro da unidade educacional. “Quando ela chegou para buscar ele, os populares já estavam lá escutando o choro do neném. Foi então que decidiram arrombar a porta para poder tirá-lo de lá”, detalhou no vídeo.
Ao entrar na creche, a mãe encontrou o filho em pé, no carrinho, em um quartinho escuro e cheio de baratas, com é possível ver no vídeo feito pela família e divulgado pela TV Brasília. “Uma coisa nojenta. Chamamos a polícia e fizemos boletim de ocorrência”, disse o pai da criança. Ele contou ainda que a funcionária responsável pelo menino teria alegado que o pequeno estava dormindo e que ela saiu e trancou a unidade, esquecendo que o bebê ainda estava lá. “É algo que nos deixou revoltados”, enfatizou Davi.
Segundo o pai da criança, a família tinha um acordo com a Educa Mais para que o menino ficasse sob os cuidados da unidade até às 19h. “Nós pagamos um valor adicional para esperarem até às 19h. A minha esposa chegava lá por volta das 18h50, porque ela sai do trabalho às 18h30”, comentou Davi, que é produtor musical e estudante de enfermagem.
No vídeo publicado pelo pai nas redes sociais, ele também pediu que outras pessoas também denunciassem a escola, caso tenham passado por alguma situação negativa com a unidade. “Infelizmente, isso aconteceu com o meu filho, mas esperamos que ocorra com mais ninguém. Vamos tomar todas as medidas cabíveis judicialmente”, disse Davi. A família fez um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que apura o caso.
A mãe de uma outra criança que já estudou na escola relatou ter aberto um processo contra a unidade. À TV Brasília, ela contou que o filho voltava frequentemente machucado para casa. Em uma das ocasiões, o menino teria sido agredido por uma professora, ficando com o olho roxo. “Alguém tem que parar essa escola”, exclamou a mãe.
Uma moradora local disse que passou próximo à escola por volta das 18h30 com o filho, chegando a comentar que não gostava da creche, porque sempre tinha crianças chorando bastante. Ela e o filho acharam estranho ter um bebê chorando naquele horário, pois o local estava escuro. “Quando vi a reportagem, comecei a tremer”, lamentou.
*Com a colaboração de Maurílio Andrade
Por Júlia Eleutério / Pablo Giovanni Correio Braziliense
Foto: Reprodução Correio Braziliense