IPEDF prepara pesquisa domiciliar ainda mais completa

Em uma visita ao Jornal de Brasília, o presidente do IPEDF, Manoel Clementino Barros Neto, deu detalhes sobre a pesquisa

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O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) prepara uma das edições mais completas da Pesquisa Domiciliar por Amostra de Domicílio (PDAD) com dados integrados, a ser lançada no mês de dezembro. A mais recente publicação se chama PDAD-A 2023 e vai reunir dados de três pesquisas que eram realizadas separadamente: a PDAD da área urbana, a PDAD da área metropolitana e a PDAD da área rural.

Em uma visita ao Jornal de Brasília, o presidente do IPEDF, Manoel Clementino Barros Neto, deu detalhes sobre a pesquisa. O trabalho de campo já foi finalizado, agora o instituto está na fase de consolidação dos dados. Cerca de 70 pesquisadores foram selecionados para fazer as entrevistas, enquanto outros 40 fizeram um questionário de checagem. Desta vez, foram incluídas as regiões administrativas de Arapoanga e Água Quente.

Para a avaliação das áreas rurais, cerca de seis mil domicílios são visitados em 208 comunidades. As localidades são agrupadas por uso do solo: agricultura empresarial, agricultura familiar, assentamentos e área rural com características urbanas. Já na avaliação da área metropolitana são incluídas 12 cidades próximas ao DF, como Águas Lindas, Alexânia, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Cristalina e outras.

“A PDAD nos permite ter um recorte por região administrativa. O IBGE enxerga o DF como um município, então ele tem apenas um dado geral. No final, tudo deve ser consolidado com o IBGE e temos que ter cuidado para não ter diferenças”, explicou o presidente sobre as estatísticas. O objetivo da pesquisa é investigar informações demográficas, sociais, de trabalho e renda, além de atributos dos domicílios.

A pesquisa, que é uma ferramenta de planejamento e acompanhamento de políticas públicas, é realizada a cada dois anos e representa mais de 97% da população brasiliense. “A PDAD a ser lançada agora em dezembro vai ter um painel geral, mas o primeiro recorte é o demográfico, ou seja, quantos são os homens, mulheres, migrantes, e por aí vai”, acrescentou Manoel à reportagem.

Nos meses seguintes, o IPEDF lançará os resultados agrupados em temas, como característica dos domicílios, saúde, educação, mobilidade, emprego e renda, segurança alimentar e nutricional e uso de tecnologias. Segundo o instituto, a escolha pela pesquisa integrada atende tanto aspectos de padronização de metodologia, quanto aspectos de economicidade e gestão da pesquisa.

O intuito é oferecer um amplo diagnóstico da situação atual da cidade, que também possibilita uma análise das mudanças das condições de vida da população brasiliense. Nesse contexto, a PDAD também aborda características ambientais, dados relacionados à migração, comunicação, escolaridade, infraestrutura domiciliar, serviços, compras e até mesmo sobre animais de estimação.

Fortalecimento

“Nossa ideia é essa: nos fortalecer enquanto instituição que ajude o governo, que dê dados, que dê subsídios, para que o gestor público possa fazer sua política com base em evidências científicas”, destacou Manoel Clementino. Por ser uma instituição nova, criada em julho de 2022, o IPEDF ainda está em processo de estruturação e busca criar uma conexão com a população da capital federal.

De acordo com Manoel, uma das alternativas é utilizar uma linguagem mais simples e clara para que qualquer cidadão consiga compreender os dados divulgados. “Os estudos são muito densos do ponto de vista técnico. Precisamos ter um sumário de fácil leitura, para que qualquer pessoa possa ler e entender minimamente. Temos insistido em fazer algo com uma linguagem mais próxima para poder atender a todos”, completou Manoel.

Manoel Clementino é mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), com MBA em Ciência de Dados pela Universidade de São Paulo (USP). Em Brasília, atuou como diretor de operações na CEB (Companhia Energética de Brasília) e depois passou cerca de três anos no governo federal, no Ministério de Minas e Energia. Com a criação do IPEDF, ele foi chamado para assumir a presidência.

Para Manoel, a criação da autarquia foi uma “decisão acertada” do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). O instituto substituiu a antiga Codeplan, empresa que também tinha outros papéis dentro do governo distrital, além da organização de dados e estatísticas. Com o IPEDF, o intuito é focar apenas em pesquisas que possam auxiliar a gestão.

O instituto surgiu através da Lei nº 7.152, de 7 de junho de 2022 na forma de autarquia pública, com autonomia administrativa e financeira, vinculada à Secretaria de Economia do Distrito Federal. O IPEDF assumiu as pesquisas, informações, projeções estatísticas e populacionais, bem como estudos e análises voltadas às políticas públicas do governo.

Próximas publicações

Ao JBr, o presidente do IPEDF adiantou que a autarquia está preparando o lançamento de um Boletim de Importações e Exportações do DF para o mês de novembro. O levantamento, que é inédito, está sendo realizado pela área voltada aos estudos econômicos, mesma área que cuida das estatísticas sobre emprego e desemprego, inflação e conjuntura econômica.

O instituto também tem outras duas áreas importantes: a de estudos sociais e a de estudos de ambiente e territórios. A primeira cuida de análises relacionadas a temas como educação, população de rua, desenvolvimento infantil e segurança alimentar, enquanto a segunda, trata de análises sobre mapeamento, expansão populacional, adensamento populacional, proteção de mananciais, entre outros assuntos.

Estudos dessas áreas também estão em andamento. Entre eles, Desenvolvimento Infantil e Parentalidades; Censo Distrital da População em Situação de Rua; Consumo de Bens de Cultura; Diagnóstico da Coleta Seletiva; Panorama da Violência Contra a Mulher; Preconceito, Discriminação e Violência no Ambiente Escolar e Segurança Alimentar e Nutricional.

Por Elisa Costa do Jornal de Brasília

Foto:  Andre Borges/Agência Brasília / Reprodução Jornal de Brasília